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segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Eu sou ladrão e vacilão

    Certo dia, enquanto caminhava por volta das 19 horas, me deparei com dois homens segurando um garoto na rua que tinha algo escrito na testa. De primeira achei que fosse coisa da minha cabeça ou o efeito da rua mal iluminada, mas aquilo era uma tatuagem. No dia seguinte, liguei a televisão para acompanhar as notícias e logo de cara presenciei algo de uma natureza horrível, me recusei a acreditar naquela manchete estampada com uma foto de um jovem, o mesmo jovem que tinha visto na noite anterior. Agora de forma clara podia ler o que estava escrito na testa dele. Li diversas vezes e não acreditava no que meus olhos estavam vendo, mas para a minha surpresa a tatuagem dizia "eu sou ladrão e vacilão". Não conseguia acreditar que havia acontecido, então eu corri para o computador querendo procurar mais informações sobre o caso. Quem era o garoto? quem estava envolvido? O que aconteceu? Ruan era o nome daquele jovem que tinha visto e ele havia sido torturado por um pedreiro e um tatuador. O motivo foi que o jovem tentou furtar uma bicicleta. Fiquei indignado com tamanha covardia, qual seria o objetivo daqueles dois sujeitos com isso? Punir alguém e mostrar para que outros não fizessem o mesmo que ele fez?! Felizmente, naquele caso não era só eu indignado, várias pessoas também compartilhavam do mesmo sentimento meu. Fizeram até vaquinha pra pagar a remoção da tatuagem do Ruan.

    Se passaram alguns anos do caso e enquanto olhava algumas notícias na internet descobri que o mesmo jovem havia sido preso, dessa vez acabei tendo algumas informações a mais sobre. Ele era usuário de drogas e a família passava por problemas econômicos com o risco de perder a casa em que moravam. Parece que o Ruan havia largado a escola em decorrência disso e entrado nesse mundo das drogas. O título da matéria dizia o seguinte "Jovem com frase 'eu sou ladrão e vacilão' tatuada na testa é condenado a 4 anos de prisão". Dessa vez imaginei que havia cometido algo grave pela pena que foi dada, mas logo abaixo do título estava escrito que ele foi condenado por roubar 5 frascos de desodorante. A juíza não considerou os fatores que o levaram a cometer tal crime ou seu caráter de dependente químico que poderia piorar estando preso. A prisão perdeu sua função de restituir as pessoas e agora passou a ser usada como punição. Por mais uma vez, só foi levado em consideração o modelo punitivo...

Cidmaicon B. de Jesus - noturno

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