No limiar do século XIX, Émille Durkheim criava a sua visão a respeito das bases epistemológicas da Sociologia, o Funcionalismo. Nesta teoria, ele queria superar a visão comtiana a respeito da Ciências Humanas, no qual ele afirmava que se possuíam muitos vícios metafísicos e os resultados estariam comprometidos pela presença da visão ideológica do pesquisador. A Sociologia deveria ter alicerces, tais como o das ciências naturais, em que tudo fosse muito estável, imutável e preciso.
Assim, Durkheim partia da
perspectiva coletiva, da sociedade como um todo, para o vértice individual. Ele
postulava que existiram determinados tipos de ações, denominadas por eles fatos
sociais, que coagiriam os seres sociais a seguirem uma conduta implícita
presente na sociedade. Ademais, esse código de atitudes acaba gerando
represálias as pessoas, caso descumprido, em que o próprio grupo segrega um de
seus membros por fugir desse “padrão”.
Outrossim, a comunidade acaba
também dispondo de uma mentalidade geral das massas, uma vez que o senso comum
dos cidadãos acaba sendo aguçado pelo outro pensar semelhante a si. Deste modo,
algumas atitudes acabam sendo normalizadas e outras combatidas, um nítido caso
disso é o preconceito contra a diferença, em que uma dada característica é
utilizada para justificar a discriminação contra um indivíduo. E que, muitas
vezes, são reforçados pela estrutura jurídica daquela determinada localidade,
Por este prisma, o filme O
Menino do Pijama Listrado acaba demonstrando todo este lado perverso da
sociedade de massas, visto que retrata o Totalitarismo Nazista sobre a visão de
uma criança inocente, em que as ideias e esse código de valores estão ainda
sendo incorporados. De forma sucinta, a obra aborda uma inusitada entre Bruno,
filho de um importante oficial alemão e diretor de um campo de concentração, e
Shmuel, um garoto judeu.
Ao longo da construção da história,
é mencionado toda a mentalidade social da época, no qual era inaceitável uma
relação amistosa com os judeus e uma amizade estaria fora de cogitação. Na cena
da festa de recepção ao pai de Bruno, Shmuel foi posto como garçom e ele estava
com fome, Bruno oferece um pouco de comida a ele, que aceita. Um outro oficial
flagra esta cena e Shmuel fala a respeito da amizade de ambos, o qual Bruno
desmente, pois isto não era aceito e ele seria mal visto pelo grupo à qual
pertence.
O final demonstra que os
extremos do julgamento e do ódio podem gerar consequências catastróficas a vida
humana, incluindo a morte de inocentes, por não aceitar a diferença.
Portanto, fica constatado que
Durkheim tenta provar o seu ponto do poder do grupo sobre o indivíduo, no qual
até os próprios preceitos jurídicos são realizados pelo que a sociedade pensa,
reforçando a visão hegemônica. Nesse sentido, há uma concessão mutua entre os
cidadãos, em que limitar-se-ia os próprios direitos por um bem coletivo. Infelizmente,
conforme vimos, isto pode ser desvirtuado para fins diferentes das intenções
iniciais.
CARLOS AUGUSTO POLIDORO DA SILVA
1° ANO - DIREITO - MATUTINO
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