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quinta-feira, 28 de março de 2019

Uma noite comum no Brasil

Em uma terça-feira, durante o período noturno os alunos da universidade começam a adentrar o campus para mais um dia normal de aula, entretanto nem todos esperavam que aquele dia fosse mais excepcional que o comum. Um jovem estudante, militante do movimento negro encontra-se indagado após uma pergunta de seu professor:

-- Meus caros alunos, para vocês, o racismo faz parte da estrutura social brasileira?

Mais que rapidamente, o jovem interessado pelo debate é o primeiro a levantar sua mão para responder:

-- Professor, preconceito racial com certeza faz parte da estrutura social brasileira, esse que persiste enraizado à escravidão. Diante desse fato, aproximar as realidades de negros e brancos continua sendo um enorme desafio

-- Mas como você chegou a essas conclusões?

-- De experiências já relatadas. Pode-se encontrar na sociedade uma grande influencia do que é denominado por Bacon de ‘’ídolos’’, na qual se podem ressaltar pessoas que agem a partir do que é denominado por ‘’ídolos da caverna’’, esses que distorcem as relações pessoais por crenças de seus pensamentos serem únicos e absolutos.
O debate prosseguiu e no decorrer da aula foram expostas tirinhas do Alexandre Beck que expunham como ocorrem as relações em uma sociedade escravocrata. Nesse mesmo momento esse aluno tão empenhado expõe mais algumas idéias relacionadas a isso:

-- Quando o racismo e marginalização da população negra atingem até mesmo a inocência infantil, vê-se a descriminação racial intrínseca no cotidiano brasileiro.

O professor para finalizar a aula, mostrou mais uma interpretação sobre isso, dizendo que a partir da Tirinha do Armandinho, podia ser observada nitidamente essa ideia, uma vez que uma mera corrida entre duas crianças torna-se em uma situação constrangedora e de aflição, criada a partir da visão escravocrata brasileira. E que Além disso, o cunho escravista persistente em nossa sociedade é visto no âmbito de posses, logo que até mesmo o simples ato de estar sob posse de uma bicicleta gera uma desconfiança, o que é erroneamente construído na sociedade brasileira pelo que é denominado por Bacon de ‘’Antecipação da mente’’, desse modo muitas vezes isso gera uma desconfiança simplesmente pela cor da pele da pessoa.

A aula terminou e esse aluno guardou seus materiais, colocou o notebook na mochila e foi embora com os seus amigos. Já era quase meia noite, quando estavam chegando perto de casa e foram enquadrados por uma viatura. Todos os seus amigos por serem brancos foram liberados de prontidão, enquanto ele permaneceu com os policias que questionavam incessantemente o fato dele estar até aquela hora na rua em com um notebook na mochila. Esse aluno extremamente constrangido foi liberado algum tempo, depois de ter comprovado que o aparelho era seu, após ouvir ofensas.
Ele chegou a sua casa, chorando e sua mãe perguntou qual era o motivo de estar assim, foi no momento que ele respondeu:

-- Mãe, eu sabia que o racismo existia, mas nunca tinha sofrido isso de uma forma tão violenta.

 E é isso que se pode enxergar como a formalização do preconceito no seio da sociedade brasileira, fica muito bem exposta, quando ocorre a necessidade da comprovação de pertencimentos até mesmo de objetos simples

João Henrique Parreira - 1° ano -Direito Noturno

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