Ciência e Senso Comum: a ânsia de ruptura com o conhecimento vulgar
Dotado de curiosidade, o Homem sempre buscou compreender e explicar o
mundo em que vive. O Senso Comum e a Ciência acompanham a Humanidade desde os
tempos Pré-Históricos. As crenças no Senso Comum sempre predominaram nas
explicações do que nos cerca. Entretanto, o Senso Comum não é capaz de
responder todos os questionamentos do Homem sobre sua natureza, seus
relacionamentos e seu ambiente. Em meados do século XVII, a Ciência Moderna despontou
com o estigma de ser objetiva e discernir o conhecimento proveniente da
experimentação do conhecimento vulgar.
O pensamento filosófico proposto
por Francis Bacon em Novum Organum
(1620) conceitua as falsas noções do mundo como ídolos. Para combater esses
ídolos, o método científico proposto por Bacon visa a busca do conhecimento
através da experiência. René Descartes, em seu Discurso do Método (1637), propõe
um método científico pautado na razão para se alcançar o conhecimento. Aqui a
dúvida é o princípio fundamental, já que aquilo que é apreendido pelos órgãos
dos sentidos revela-se como possível fonte de erro, pois esses sentidos por
vezes podem nos enganar.
Nas tirinhas “Armandinho”, ilustradas
por Alexandre Beck, observa-se como o senso comum afeta a sociedade. Na primeira
tirinha, a criança negra carrega a nota fiscal de sua bicicleta para não ser
acusada de roubo. Já na segunda tirinha, a criança negra não pode correr na
direção da outra criança por receio de ser confundida por um criminoso pelo policial.
O racismo é o estabelecimento de hierarquia entre etnias. Por muito tempo,
etnias africanas foram subjugadas e escravizadas. Mesmo após a Lei Áurea e desmistificação da existência de "raças superiores" pelas Biologia, o racismo é tão intrínseco em
nossa sociedade que modula o comportamento de indivíduos negros, preocupados com a sua
segurança.
Seguindo os conceitos propostos
por Bacon, conclui-se que o ilustrado nas tirinhas constitui um exemplo de
ídolos do teatro. Isso pois, o racismo deriva de uma falsa teoria filosófica de
inferioridade de etnias de origem africana. E Descartes inicia seu texto no
Discurso do Método conceituando razão como “o poder de julgar de forma correta
e discernir entre o verdadeiro e o falso”. Há muito tempo, a Humanidade não age
com razão frente ao racismo. Devo concordar com Descartes quando ele diz que “é
insuficiente ter o espírito bom, o mais importante é aplicá-lo bem.”.
Raquel Rinaldi
Russo – 1º ano Direito Matutino
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