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quinta-feira, 28 de março de 2019

Racionalismo,racismo e genocídio.


Francis Bacon e René Descartes lançaram as bases epistemológicas da ciência moderna. Através da proposição de uma metodologia para balizar a ciência, ambos modificaram a maneira de pensar, interpretar fenômenos e, sobretudo, produzir conhecimento. Sendo a metodologia de Descartes mais racional, e a de Bacon mais empirista.
O racionalismo e o positivismo utilizaram as bases teóricas de ambos os pensadores, a priori os dois movimentos deixariam Bacon e Descartes orgulhosos. Na primeira década do século XX a sensação de progresso se alastrava pelo mundo, o telos era o pleno desenvolvimento que viria de modo natural. Porém a teleologia do positivismo e do racionalismo, foi triturada pelas duas grandes guerras mundiais. Onde toda a racionalidade e ciência fundamentada pelas matrizes positivistas foram utilizadas para matar, e não da maneira simples e antiquada, matar, agora, exige um método, um esforço, há uma ciência da morte, que tem por objetivo a morte, e por método a maneira mais simples e menos traumática para executor. Os campos de concentração foram construídos e instrumentalizados pelos maiores cientistas da época, a ciência foi utilizada para matar.
Após o choque causado por milhares de mortes, o homem moderno perdeu o ponto de orientação, ficou à deriva, não olhou para mais para o telos, para o futuro promissor, fechou-se nele mesmo e ficou cada vez mais individualista.  Sendo assim, não foi realizado um acerto de contas da sociedade em geral, com o passado brutal da Segunda Guerra Mundial. Considerar o genocídio promovido durante a Segunda Guerra como um fato excepcional, de exceção, é tornar quase impossível o combate e prevenção de fenômenos igualmente lesivos.
A tirinha mostra o racismo e suas consequências mais leves na sociedade brasileira, não aborda o que os estudiosos chamam de genocídio da população negra. Para combater o racismo estrutural na sociedade brasileira é necessário, assim como na Segunda Guerra, aceitar que não é um fenômeno de exceção, reconhecer sua existência estrutural e conscientizar a sociedade brasileira sobre o passado escravagista brasileiro e suas consequências atuais. Afinal, como disse Saflate: “Quando você não acerta as contas com o passado, o passado acerta as contas com você”. Resta saber se o "racionalismo puro" e o "tecnicismo puro" que matam de maneira "legal" e "racional" milhares de pessoas negras por ano triunfarão ou se o respeito a diversidade e ao passado finalmente encampará na sociedade brasileira e cessará com o racismo estrutural e genocídio da população negra. 

Ricardo da Silva Soares-1°Direito Noturno       

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