As tirinhas de Alexandre Beck revelam as diferenças do
cotidiano de Armandinho, um garoto branco, e Camilo, um garoto negro. Os
personagens brincam juntos e, em ambas as tirinhas, o personagem negro se vê ameaçado
pela figura de um policial e deixa de fazer certas coisas por isso – como apostar
corrida com o seu amigo - enquanto o personagem branco, não. Isso explicita a
realidade da população negra brasileira que vê na polícia uma ameaça, já que
essa age de maneira autoritária e racista.
O racismo é um
problema estrutural de toda a sociedade brasileira, a polícia apenas reflete
isso de maneira mais evidente. Descartes afirma que para se chegar à “verdade
científica” é necessário vencer suas convicções próprias e que devemos duvidar
de tudo e, assim, as ideias falsas serão desmascaradas. Para chegarmos a uma
sociedade livre do racismo, que tenha superado as heranças escravocratas e os anos
de diminuição do negro em detrimento do branco, se é necessário vencer as
ideias equivocadas que são ensinadas durante a nossa formação e que são
amplamente difundidas e aceitas na sociedade brasileira contemporânea. Para
isso, é necessário duvidar desse pensamento enraizado, que inferioriza o negro,
e ao fazer isso, várias brechas surgirão e ele será descartado, uma vez que o
racismo não possui nenhum embasamento científico.
Para Bacon, a ciência
deve ter uma função útil e deve ajudar a melhorar a condição humana, por isso
ele critica a filosofia grega, que é rica em palavras e ideias mas é pobre em
obras concretas que visem o alívio da condição humana; isso revela que não
basta apenas descartar o pensamento racista, não basta apenas não impedir que Camilo
brinque como quiser, assim como brinca Armandinho, é necessário que atitudes
concretas sejam tomadas para barrar os pensamentos e ações racistas. Já que não
ser racista é um grande passo, mas é necessário impedir que outros sejam e
lutar contra a discriminação da comunidade negra.
Bianca Namie B. Mizobe / noturno
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