O cartunista em questão, faz uma forte
crítica ao racismo institucional presente no Brasil, aquele, que não ocorre
explicitamente por meios institucionais, como, por exemplo a corporação
policial. A segregação racial sempre esteve manifestada no ocidente, como uma
temática histórica e estrutural, diante desse fato, aproximar as realidades do
negro e do branco se torna uma preocupante adversidade, e somente através da
real efetivação da lei e o respeito e reconhecimento da cultura afro-brasileira
pode ser suprimido. Nesse sentido é valido mencionar dois grandes filósofos da
modernidade: Descartes e Bacon.
Francis Bacon, pai da filosofia
experimental, acentuou em suas obras a base empírica. Para ele, a obtenção do
conhecimento, não deve se atrelar a razão, mas sim a experiência, caso
contrário este não apresentará propriedade. Ainda, bacon relata a existência de
ídolos em nossa mente, que nada mais são que as falsas opiniões a respeito de
um assunto referente ao senso comum, são eles ídolos da tribo, ídolos da
caverna, ídolos do mercado e ídolos do teatro. Já René Descartes, para
responder os questionamentos epistemológicos, utilizava de meios racionais, e
somente através dessa seria possível chegar a uma verdade primordial: “penso
logo existo”.
Com
base nos pensamentos filosóficos presentes, podemos observar que na primeira
tirinha Camilo e Armandinho são abordados por um policial, este pede a nota
fiscal comprovando a posse das bicicletas que os meninos carregam. Enquanto
Armandinho que é branco não entende a necessidade da constatação, Camilo, um
menino negro sem questionamentos a entrega para o policial.
Numa perspectiva baconiana é valido
ressaltar a questão do experimentalismo, Armandinho nunca vivenciou esse tipo
de situação, logo, não detinha do conhecimento necessário para se comportar a
tal. Já Camilo, por ser negro sabia exatamente como proceder. Ademais é
axiomático a questão dos ídolos, a sociedade no geral tem enraizada o racismo
por ser estrutural, que claramente se torna senso comum. O policial, por
abordar o negro de forma enfática em relação ao branco valida o argumento
apresentado por bacon, uma vez que numa sociedade sem ídolos, não haveria
motivo algum para isso ocorrer.
Já na segunda tirinha retornamos as
questões experimentais. Armandinho, propõe a Camilo apostar uma corrida, porém
por ter um policial por perto Camilo subentende que é perigoso, logo presume-se
que ele já havia vivenciado ocorridos semelhantes, ou visto em uma perspectiva
de terceiros.
Diante dos fatos supracitados pode-se
concluir que a sociedade ainda que tecnológica, carrega inúmeros preceitos
arcaicos e retrógrados, geralmente embasados em alienações advindas de um senso
comum. A questão racial é uma pauta frequentemente abordada e de extrema
relevância. Assim na tentativa de alcançar a causa para a problemática o texto
a relaciona aos grandes filósofos que buscam métodos para compreensão do ‘eu’
no meio social, e as diferentes formas para se alcançar verdade fundamental.
Lorena Fernanda Galavotti
Direito- Matutino
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