O vendedor
de pipoca
Ontem, andando em uma das praças de minha cidade, vi um
carrinho com um homem fazendo pipoca. Homem este de cara triste e sofrida. Trabalhador.
Pobre. Apenas uma pergunta veio à minha cabeça: algo vale mais do que o
dinheiro? Se o dinheiro é a representação da mais-valia de Marx, algo vale mais
do que o trabalho?
Aquele
homem trabalha o dia todo sob o sol, com seu carrinho de pipoca e ganha apenas
alguns míseros tostões no dia. Mas como isso é possível? Aquele homem detém os
meios de produção de seu trabalho... Não tem funcionários para pagar... Todo o
lucro obtivo vai para ele próprio... Ele é um burguês. Mas espera, um burguês pobre?
Sim, um burguês pobre!
Seguindo
o meu pensamento daquele momento, um outro questionamento surgiu em minha
mente. Se aquele homem trabalha o mesmo tempo que um funcionário de uma metalúrgica,
gasta o mesmo tempo, por dia, fazendo pipoca, como pode, ele, ter sua produção
diária com tão menor valor? Utilizando de um pensamento Marxista, se as horas
de trabalho são iguais, os salários de ambos deveriam ser iguais também.
Me
lembrei, então, de Böhm-Bawerk, economista da Escola Austríaca, que questiona a
teoria de Marx. Como pode o valor de algo ser determinado apenas pelas horas
trabalhadas, com um preço “permanente”? Não é preciso acrescentar a influência
da oferta e da procura à esse preço?
Naquele
momento eu entendi o que estava vendo e pensando. Mesmo o vendedor de pipoca
sendo dono de seu próprio meio de produção e obter todo o lucro de seu trabalho,
ele continuava pobre. Mas por que? Porque a procura por seu trabalho não era alta
e, assim, era necessário um preço “bacana” para atrair os clientes. Seu
trabalho não era essencial, não era de todo necessário para a vida de seus
clientes e, desse modo, se o pobre burguês aumentasse o valor de sua pipoca,
muito poucos continuariam a comprar dele.
Cainan Fessel Zanardo - Turma XXXV Direito Noturno
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