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domingo, 8 de agosto de 2021

    Para Durkheim, o estado de anomia representa a crise ou a desintegração de normas tanto sociais quanto morais responsáveis por "guiar" a sociedade. A exemplo desse conceito é possível notar o cenário pandêmico do Coronavírus, quando ocorre um desacordo entre o poder central representado pelo presidente que defende a flexibilização das medidas de restrição a fim de fomentar a circulação econômica, e os poderes estaduais como alguns governadores (o mais emblemático é o de São Paulo) que defendem a rigidez da quarentena e o exercício regular das medidas de proteção para remediar a intensa propagação da doença.

     “A vacina se tornou o maior símbolo da divergência, com Dória trabalhando pela produção do imunizante enquanto o negacionismo de Bolsonaro impedia ação efetiva do governo federal em prol da vacinação” (Jornal da Folha dia 14/02/2021).

    É perceptível a crise das normas sociais e morais, pois ocorre uma falta de integração em diretrizes que regulamentam o cotidiano social e há constantes embates políticos entre as diferentes esferas do poder referentes a aplicação ou não de leis e medidas restritivas durante o cenário pandêmico. O questionamento sobre a seguridade e a prevenção concedida pela vacinação volta à tona, o que gera uma grande instabilidade social.

    Ademais, em seus estudos, Durkheim diferencia três categorias de suicídio: egoísta, altruísta e anômico. O primeiro deles, o suicídio egoísta, é o ato individualista, predominante nas sociedades modernas, geralmente praticado por aqueles que não estão devidamente inseridos na sociedade, se encontrando isolados dos grupos sociais. O suicídio altruísta, por sua vez, é aquele em que há força coercitiva do coletivo (seja ele um grupo social ou a sociedade como um todo). Por último, o suicídio anômico tem por característica uma mudança abrupta nas taxas normais de suicídio, geralmente ocorrem durante períodos de crises ou transformações sociais.

    À guisa de exemplos, em outubro de 2012, uma comunidade indígena denominada por Guarani-Kaiowá localizada no MS endereçou uma carta para o Governo e Justiça do Brasil. O conteúdo dessa carta relata a decisão do suicídio coletivo (“queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos”) diante da ordem de despacho expressado pela Justiça Federal. Além disso, revela-se a falta de esperança e perspectiva dos indígenas de sobreviverem dignamente e sem violência em sua terra histórica, pois eles não acreditam mais na justiça brasileira (“a quem vamos denunciar as violência praticada contra nossas vidas?”). Portanto esse ato de suicídio coletivo dos Kaiowá está inserido no conceito altruísta de Durkheim principalmente pela presença da força coercitiva do conjunto. A decisão foi praticada pelo grupo em honra às suas origens, ao seu território e à sua cultura.

     Fonte da carta na íntegra: https://cimi.org.br/2012/10/34154/

 

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