Durkheim é considerado um dos pais da sociologia, ao lado de Marx e Weber. Dentre as inúmeras teses desenvolvidas por ele, destaca-se o ramo do funcionalismo que busca explicar a sociedade com base nas funções das estruturas sociais nela presentes. As funções sociais, para ele, devem conviver em harmonia a fim de construir uma sociedade coesa que siga as regras e padrões pré-estabelecidos sem grandes questionamentos e desenvolvimento de senso crítico.
Para o sociólogo, o questionamento é perigoso porque estimula a mudança e reformulação das regras sociais e da própria sociedade, o que ele considera extremamente negativo porque a retira do convívio harmonioso e propício ao desenvolvimento. Dessa forma, a educação deve ter como principal papel manter a continuidade das regras estabelecidas, ensinando aos sujeitos a não questioná-las tendo em vista que as crianças devem aprender a conter suas vontades individuais em prol do bem coletivo e a manutenção da coesão social. Esse pensamento, vai na linha oposta a um dos maiores educadores brasileiros, Paulo Freire, que defende a educação como libertadora das amarras promovidas pela sociedade hierarquizada. Para Freire, quando a educação não é libertadora, ou seja, é desprovida de estímulo à reflexão e senso crítico, o sonho do oprimido é tornar-se o opressor, de forma que as desigualdades são acentuadas e a ordem é mantida.
Visto isso, tem-se na modernidade, com a ascensão de governos autoritários e conservadores, na América Latina, por exemplo, a tentativa de implantação de um modelo educacional que exclua o pensamento crítico e a “ideologia”, tirando matérias como Sociologia e Filosofia da base curricular obrigatória e desestimulando os incentivos à pesquisa, principalmente nas áreas de ciências humanas e sociais. Dessa forma, a educação passa a ser o que Freire denominou de “modelo bancário”, em que os professores depositam seus conhecimentos e os alunos absorvem de forma pacífica e desprovida de criticidade. O que, como visto nos últimos anos no Brasil, levou a um aumento significativo da aceitação das desigualdades como inerentes ao sistema, da criminalização da política como forma de luta social e da manutenção dos privilégios e da concentração de renda.
Mariana Moreira Belussi - 1º semestre diurno
Nenhum comentário:
Postar um comentário