A
violência indireta sobre o cidadão:
Punição como ferramenta de manutenção
da ordem.
Vemos
hoje pessoas que reclamam da justiça. Pessoas que estão insatisfeitas com a
forma com que são aplicadas as punições aos transgressores das normas, e que as
consideram muito brandas. Bom, essas pessoas certamente não entendem qual a
função da punição na sociedade moderna, ou ao menos não da mesma forma que
entendia o sociólogo francês Émile Durkheim (1858 – 1917) que, como um dos
fundadores da sociologia enquanto ciência, debateu sobre a finalidade do crime
e da punição.
Mas
antes de falarmos de Durkheim, falemos sobre as punições que recebiam os transgressores
na antiguidade: Nas sociedades como as do antigo oriente próximo
(mesopotâmicos, egípcios e hebreus), havia o Princípio de Talião, ou como todos
o conhecem “olho por olho, dente por dente”. Com base nesse princípio as penas
eram dadas na mesma medida da transgressão, e eram geralmente castigos físicos,
mutilação ou até penas de morte.
Com
a evolução do Direito, no entanto, as penas formam se tornando menos violentas
e a justiça mais justa. Os castigos físicos e a pena de morte foram, na maioria
dos países, deixados de lado e o foco passou de simplesmente punir para
“reformar” o indivíduo e devolvê-lo à sociedade, onde ele ainda pode ser útil.
Isso porque em sociedades complexas como as atuais, não podemos prescindir de
alguém que ainda pode trabalhar, que pode ser uma engrenagem para o
funcionamento do grande mecanismo que garante a ordem.
Mas
se o objetivo hoje é ressocializar, e se alguém que ontem era um criminoso
amanhã pode ser um cidadão de bem, por que então não o fazer silenciosamente?
Por que expor essa pessoa nos noticiários? Por que toda a espetacularização
entorno dos criminosos?
E
aqui entra Émile Durkheim, que diz que antes de estar preparado para servir à
função de cidadão, um transgressor deve servir a outro propósito, ao de mal
exemplo. Para ele, essa é a função do crime na sociedade, encontrar aqueles que
ferem a ordem e puni-los, mostrando a todos qual foi seu fim, e assim
desincentivando outros que pensem como ele. Essa é a função dos noticiários e
dos julgamentos, expor o que acontece aos que se rebelam contra a ordem
estabelecida.
Portanto,
mesmo que as punições violentas tenham sido deixadas de lado há algum tempo, e
que em seu lugar a sociedade tenha adotado uma posição de ressocialização, não
foi por bondade. Na verdade, o objetivo é não perder uma peça, como um objeto
que ainda pode ser útil em algo. E ainda as punições não deixaram de atender ao
seu objetivo primeiro, que é o de dar exemplo aos outros, afinal, o castigo não
é para os transgressores, mas sim para os cidadãos de bem.
Rodrigo Beloti de Morais
1º Ano - Noturno
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