Funcionalismo é um ramo da antropologia e da sociologia que busca explicar a sociedade com base nas funções de cada estrutura social. Tal corrente acredita que os fenômenos sociais têm origem nas funções de cada estrutura, sendo o individuo apenas um substrato para a manifestação destes. Essas funções se complementam e criam um todo coeso, isto é, a própria sociedade. Assim, cabe ao sociólogo e ao antropólogo entender a correspondência entre os fenômenos sociais e suas funções com o intuito de compreender como a sociedade funciona.
Nesse sentido, a educação assume um importante papel para a
manutenção dessa coesão. Isso pois, quando
os indivíduos são ensinados desde pequenos como a sociedade funciona, suas
regras, suas estruturas etc., eles passam a internalizá-las e não as
questionar, mantendo a estrutura da sociedade. Segundo Durkheim, a educação
promove uma pressão na criança “pressão mesma do meio social que tende a moldá-la
à sua imagem” (DURKHEIM, p. 6). Portanto, para o funcionalismo, a educação não
deve induzir a crítica, deve apenas transmitir as regras sociais como dogmas a
fim de manter a sociedade coesa.
Na modernidade, a tentativa de tirar matérias como
Sociologia e Filosofia é um exemplo desse tipo de pensamento. Essas matérias,
ao expor diversas correntes ideológicas, induzem o sujeito a crítica e a
reflexão, as quais podem incidir sobre as estruturas da própria sociedade. Na
visão funcionalista, esse questionamento é perigoso, pois pode levar a anomia,
ou seja, a reformulação das regras sociais e, consequentemente, da própria
sociedade. Logo, a criança deve passar “por um intenso exercício de contenção
de suas extravagâncias e desejos” mediado por um sistema educacional que
“extingue a criatividade, ou os impulsos de natureza investigativa” (CATANI,
RODRIGUEZ; 2000). Dessa forma, cortar essa possibilidade de crítica e reflexão
torna-se essencial para a manutenção da coesão social.
Dessarte, nota-se, na atualidade brasileira, uma tentativa
de promover uma educação não crítica, visto as tentativas de, por meio de
reformulações no Plano Nacional da Educação, eliminar matérias que proporcionam
o questionamento da realidade e enfatizar as que expõem os fatos como “prontos
e acabados”. O resultado é a manutenção da estrutura social brasileira, marcada
por desigualdades entre classes e privilégios aos que pertencem às classes mais
altas.
Turma XXXVIII - Diurno
CATANI, Fernando Henrique; RODRIGUEZ, Vicente. Durkheim e
a Educação Para a Sociedade. Sociologia da Educação, 2000. Disponível em: http://www.lite.fe.unicamp.br/cursos/ep340/t2.html.
Acesso em: 07 de agosto de 2021.
DURKHEIM, Émile. “O que é fato social?”. In: As
regras do método sociológico (1895). 3a. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
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