Recebendo
heranças da filosofia positivista de Auguste Comte, o francês Émile Durkheim
desenvolveu seu próprio raciocínio acerca do funcionamento da sociedade na qual
ele estava inserido. Para isso, utilizou-se de métodos sociológicos que possuíam
como alicerce a percepção dos fatos sociais, isto é, as maneiras como os indivíduos
agiam de acordo com pressões exteriores (Coerção). Assim, a visão primordial
nos estudos de Durkheim está voltada para a coletividade, e sua funcionalidade
deve estar em perfeito equilíbrio, ou seja, é necessário o respeito das regras,
que mantém a coesão social.
De acordo com a óptica estabelecida acima, mostra-se de
suma importância o papel da Educação na sociedade durkheimiana. Isso porque a
anomia- deterioração dessas regras de coesão- deve ser evitada ao máximo, logo,
todos os indivíduos necessitam internalizar essas normas desde a infância, para
que cresçam em perfeita harmonia com o organismo social estabelecido. Por meio
dessa classificação, a filosofia do francês é conhecida como funcionalista,
pois associa uma sociedade a um organismo humano, nos quais a harmonia precisa
reinar para que possam continuar vivos, portanto, um simples desequilíbrio pode
levar a suas desestruturações completas.
Ademais, não somente a educação é imprescindível para a
internalização dos padrões de comportamento, como também é de grande valor para
a explicação das causas eficientes, isto é, a funcionalidade dos fenômenos
observáveis na sociedade. Tal qual as relações entre crime e punição, uma vez
que a última possui como função social a geração de uma consciência coletiva
que tema cometer tal crime. Desse modo, a sociologia presente nas escolas demonstra-se
de enorme valia para a existência de uma sociedade pautada nas ideias de Émile
Durkheim.
Entretanto, na realidade brasileira hodierna, esse ideal
está longe de ser posto em prática. Devido ao novo projeto de implementação do
novo Ensino Médio, no qual, segundo a Lei
13.415/2017, que trata da Reforma do Ensino Médio, o ensino da
disciplina sociologia torna-se opção dos estados e municípios de mantê-la como
obrigatória ou não. Assim, uma enorme mudança na educação brasileira é
iminente, pois a educação não será homogênea em todo o país, de modo a
instituir uma anomia geral, já que cada município tratará de internalizar as
normas de formas distintas, resultando em um aumento nas desigualdades sociais
no Brasil, que já se mostravam em níveis estratosféricos.
É imprescindível, portanto, a percepção de que a lógica funcionalista
desenvolvida pelo famoso sociólogo, Émile Durkheim propõe uma visão de
sociedade pautada no coletivismo e na manutenção de valores já consolidados,
tal qual o Positivismo de Auguste Comte. Contudo, Durkheim evidencia a importância
da sociologia como ciência capaz de explicar os fatos sociais não apenas como
soluções imediatistas, mas sim como descobridora das causas eficientes, das
funções e utilidades desses fenômenos em determinadas sociedades. Dessa forma,
torna-se visível que a proposição do Novo Ensino Médio brasileiro de
inferiorizar a disciplina Sociologia tende a criar uma enorme anomia.
Matheus Granucci Burgarelli-
Direito Matutino, 1° semestre
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