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domingo, 8 de agosto de 2021

O perigo do senso comum no pensamento

 

Na perspectiva de Durkheim o crime é visto como um fenômeno funcional, segundo o autor, não há fenômeno que apresente de maneira mais irrefutável todos os sintomas da normalidade, visto que está ligado às condições de vida coletiva. Dessa forma, uma ação é definida como crime assim que se fere a consciência coletiva de maneira significativa. Contudo, por conta da discriminação e do preconceito presente na sociedade, quando um indivíduo age fora dos padrões comuns (não considerados crimes), ele será considerado desajustado ou poderá, até mesmo, ser punido. Um exemplo disso, são as prisões errôneas constantemente observadas no dia a dia, onde é representado o “estereótipo de bandido”.

O estado de vulnerabilidade está diretamente ligado ao estereótipo de cada indivíduo criado pela sociedade, assim, o indivíduo que está considerado dentro dos padrões discriminatórios não precisa fazer muito esforço para ser criminalizado, na verdade, infelizmente, ele precisa se esforçar para evitar esse posicionamento e não ser julgado. Segundo o advogado Flávio Campos: para “manter a ordem”, as polícias, principalmente a Polícia Militar, “recebe o estereótipo do bandido e estabelece em cima disso a sua base de trabalho”. Isso fragiliza a investigação policial, já que “é só olhar a cor da pele, o jeito de andar, de se vestir, de falar, e basta. É um exercício simples do poder e cai como uma luva na mão da sociedade racista. É muito cômodo em uma sociedade de raças, onde os brancos têm superioridade política, econômica, bélica”.

Sendo assim, o indivíduo que não se encontra em estado de vulnerabilidade, que não é perseguido criminalmente todos os dias só é preso, devido ao cometimento de ato grotesco ou trágico. E, esses raríssimos casos servem para legitimar o sistema penal, haja vista a ideia de que, quando pessoas não estereotipadas sofrem com a persecução penal, o sistema apresenta-se igualitário.

Matheus Vinícius dos Santos Serafin - Matutino

 

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