“Por que não posso te abraçar na rua?
Por que não posso te beijar na pista de dança?
Eu queria que pudesse ser assim.
Por que nós não podemos ser assim?”
Os versos acima são a tradução de um trecho da música Secret Love Song, do grupo Little Mix. A canção é dedicada ao público LGBTQIA+, e a letra é um desabafo sobre casais homoafetivos que não podem assumir seu romance.
Mas por que não podem?
Bom, no Brasil, realmente, a homossexualidade não é crime. Logo, em tese, todos são livres para demonstrar publicamente seu amor, independente do gênero. Na prática, contudo, a realidade é outra: xingamentos, socos, pauladas, lampadadas na cabeça… Esses são apenas alguns exemplos do que casais homoafetivos recebem simplesmente por andarem de mãos dadas na rua.
É que na nossa sociedade, é reprimido tudo aquilo que foge da cisheteronormatividade. Desde a infância os indivíduos são pressionados a seguirem esse padrão. Se um menino, por exemplo, possui qualquer comportamento fora desse modelo, como andar de maneira considerada afeminada, ele é punido por outros membros da sociedade, como familiares, vizinhos, professores e colegas de escola. Isso pode ocorrer por meio de apelos para que o sujeito mude seu comportamento (os famosos “deixa de ser gay!” ou “vira homem!”), xingamentos, exclusão e até mesmo agressão física. Essa realidade coage muitas pessoas LGBTQIA+ a tentarem se encaixar em tal norma, ocultando sua verdadeira essência. Além disso, mesmo as pessoas cisgênero e heterossexuais são pressionadas a agir de modo que sua identidade de gênero e orientação sexual não sejam colocadas em dúvida. Dessa forma, percebe-se que a cisheteronormatividade age como uma força coercitiva, a qual atinge todos os indivíduos independente da vontade deles, configurando-se, sob uma perspectiva durkheimiana, como um fato social.
Sendo assim, aqui está a resposta para os questionamentos feitos pelo Little Mix em sua canção: o que te impede de abraçar a pessoa amada na rua e beijá-la na pista de dança é um fato social. Quem ousar resistir a ele, enfrentará as punições resultantes disso.
Johann de Oliveira Plath, Direito Matutino - 1° ano.
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