Era um domingo, na grande São Paulo, do ano de 2018. Eu, meus pais e meus irmãos fomos à Avenida Paulista, para aproveitarmos a tarde, estacionamos o carro e descemos o coração de São Paulo. Fomos em direção ao cinema, e a primeira cena que vimos foi a de dois homens se beijando, meu pai ficou perplexo gritava, muito alto, sobre como aquilo era fora da norma estabelecida pela sociedade, e como já se viu dois “baitolas” se agarrarem em público, ferindo os bons costumes e os valores da sociedade brasileira. Eu com meus doze anos, não entendi a revolta e ira, e pensei comigo, afinal “ quais eram os bons costumes e valores da sociedade brasileira, que dois homens se beijando feriam? ”.
Na intenção de acalmar meu pai, minha mãe, eu e meus irmãos desistimos do cinema e fomos nos sentar em um banco do lado de fora. Ficamos uma hora observando os carros, as passagens e as pessoas. Meu pai parecia cada vez mais estressado, reclamava da roupa curta de algumas moças, da cor do cabelo e piercings de outros, da mãe solteira, enfim tudo parecia incomodar meu progenitor.
Assim, calados, fomos embora. No caminho em direção ao carro, um silêncio absoluto. Toda a minha família olhava para meu pai. Quando chegamos ao carro, no caminho de volta para casa, perguntei ao meu pai sobre seu incômodo, em relação às coisas que vira aquela tarde. Ele, mais calmo, respondeu que tudo aquilo que vimos não era normal, a sociedade não aceitava essas pessoas diferentes, que o certo era: um homem e uma mulher, roupas adequadas para mulheres decentes,pessoas com cores de cabelos normais e sem furos no corpo e mulheres com filhos casadas. Fiquei quieto.
No caminho para casa, refleti sobre a fala do meu pai, e cheguei a conclusão que tudo isso não importava para mim, afinal se as pessoas estavam felizes, qual era o problema?. Entretanto, não discuti com meu velho, pois ele parecia estar em um século diferente e não parecia aberto a se adequar às coisas incomuns à ele.
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