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domingo, 22 de agosto de 2021

Coronavírus e a volatilidade da nossa sociedade

 

            Não é segredo que, para provocar mudanças, desde as menores às maiores, faz-se necessário não só o reconhecimento, mas também um profundo entendimento sobre as raízes e estruturas daquilo que se quer modificar. O método para realizar tal aprendizado pode variar de um teórico para outro, como, por exemplo, para os idealistas alemães seguidores de Friedrich Hegel, a base para o conhecimento da sociedade parte do mundo das ideias, então aplicando-se ao mundo real. Já para Karl Marx e Friedrich Engels, em sua concepção materialista, deve-se partir do mundo material, dos indivíduos, suas ações e condições de existência, as quais são facilmente observáveis empiricamente para então formular sua compreensão no mundo das ideias. O segundo método torna-se mais viável à medida que entende o constante processo de desenvolvimento da humanidade, ao analisá-la de forma direta e crua, e o quanto a cultura atual local é primordial para o começo e o fim de sistemas.

              Nossa sociedade é extremamente mutável e, com a atual pandemia que estamos enfrentando há mais de um ano, isso fica ainda mais visível, demonstrando a veracidade da celebre frase do Manifesto Comunista: “Tudo o que é sólido desmancha no ar”. Em tempos de relativa “paz”, tudo parece fixo e imutável, as relações sociais, de trabalho, o mercado e até mesmo as religiões. No entanto, um simples vírus escancarou o quão frágil é o alicerce de nosso sistema e o quão efêmera é nossa realidade, ficou ainda mais fácil enxergar as mazelas que nos rodam, a desigualdade, a fome, a falta de saneamento básico, o desemprego e a exploração da classe dominante. Tal vírus foi o suficiente para abalar a população mundial e tudo aquilo que parecia tão imutável, em segundos era o mais puro éter, volátil, as convicções pessoais e culturais esfumaçando-se diante dos olhos.    

              Toda essa recente turbulência, dentre as várias outras que já existiram na história, em um primeiro momento podem até provocar um senso de união entre todos, mas logo após, instaura-se o cotidiano individualismo, onde prevalece ideais deturpados, como o famoso “antes ele do que eu”, seja tratando-se de empregos ou até de vidas. Logo, apesar do abalo nas estruturas sociais, enquanto as convicções pessoais permanecerem nesse constante darwinismo social, em que um igual tenta obter vantagem no fracasso alheio, a mudança permanecera apenas no plano das ideias.   


- Isabela Batista Pinto- Direito Matutino- Turma XXXVIII

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