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domingo, 22 de agosto de 2021

A insuficiência do materialismo-histórico

     Certa vez ouvi que a ideologia era o pensamento artificial que velava a realidade e a impedia de ser contemplada por nós, homens. Marx, de certa forma, concordaria com isso, já que para ele o ideólogo não era ninguém menos que o perpetrador das relações opressivas de classe, através dos pensamentos que arquitetava. Essa seria a superestrutura cultural imposta sobre os proletários, já que os burgueses dominavam a infraestrutura produtiva. 

     No entanto, o que se torna então o materialismo-histórico, uma vez que sai da cabeça de Marx e Engels, senão mais ideologia? De fato, os comandos-maiores dos Partidos Comunistas geralmente se tornam uma nova elite financeira, assim que assumem o poder em seus países. Também costumam colocar as máquinas de propaganda do regime a todo vapor. Mas, é claro, os defensores do trabalhador são dignos de toda a boa-fé. 

     Em resumo, a teoria afirma que a história é movida pelas relações econômicas. Movida! Há um motor material, um impulso que dirige, implacável, os rumos do tempo. De fato, outros pensadores delegariam este poder à divindade ou ao acaso, mas Marx e Engels o entregam às interações de classe. Entenda-se: toda ação humana, todo movimento político, social, toda a história das nações obedeceria unicamente a este caráter, o econômico, e se encaminharia para um final definido: o fim do Estado e a instauração dum novo Paraíso aqui na Terra. 

     A mim isso parece um empobrecimento radical da história, como que para fazê-la caber dentro de uma forma materialista - a essa forma eu chamaria ideologia - além de uma paródia de mal gosto da religião. Pois a experiência humana vai muito além do que vemos nesse mundo: o Amor, a Verdade, a Justiça, são muito maiores do que a mesquinharia imanente, tanto dos marxistas quanto dos próprios burguesesEsse pensamento é um desserviço à vida plena do homem, pois a distorce e diminui. Enfim, é mais um que se soma ao panteão das ideologias, dos que rejeitaram ou fugiram à realidade.


Rafael. M. P. Rosa de Lima - 1º semestre, noturno. 

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