É
muito difícil olhar a realidade e ter esperança, porque o que vemos são apenas
sinais de morte. A sociedade no geral está perdida em uma desigualdade gigantesca, graças ao sistema capitalista, que nos impede de falar na possibilidade de uma vivência digna, ou sob uma
máxima cristã, uma vida em abundância. Resumindo, é caro viver.
Marx
e Engels são fundamentais para uma análise mais sincera, já que enxergam uma falha
na filosofia idealista de Hegel, que acreditava na “ideia” como base da análise
científica. Ao contrário dessa linha de pensamento, os outros dois, a partir de
uma concepção materialista, entendem que o real, ou melhor dizendo, a realidade
é a base do estudo, visto que todas as atitudes, pessoas e relações sociais são
observáveis estritamente através do empirismo. Dessa forma, torna-se possível
destacar a capacidade de influência e coerção que a cultura socioeconômica e os
meios de produção podem causar nas relações interpessoais, modificando as formas
de se relacionar.
Essa
capacidade de moldar as relações e a forma como o indivíduo incorpora essas
influências é demonstrada na música “Hoje não”, obra de Djonga. A música traz
uma análise da padronização do ser humano, que independente de sua condição
social, se vê dominado pelo sistema e se permite utilizar dos meios para
conquistar as coisas, principalmente artigos de luxo. Nesse cenário, ele
aponta a mudança gerada a partir da sua ascensão social com a música, mas como
essa quebra de paradigmas é mal vista pelo sistema vigente e pelas classes
dominantes. Enfim, como resposta àquelas pessoas que não querem vê-lo vencer, ele
carrega seus semelhantes num caminho de mudança, se provando mais do que dizem
que eles são. Não suficiente, o cantor mostra que está tão a frente, que
precisa “desacelerar” para dar chance aos seus competidores, reproduzindo ainda
uma lógica de competição.
Paralelo
a isso, Marx é preciso em afirmar que a religião e muitas outras ideologias
podem ser limitantes, mascararem o real e impedirem uma visão clara sobre o
meio e como ele se constrói no tempo. Precisamos entender que abandonar as
amarras da limitação é valorizar o próprio ser, tornar-se sua verdadeira realidade
e ser capaz de reconhecer isso no próximo também, porque o individualismo é o
primeiro passo a ser dado rumo as desigualdades. Logo, um dos exemplos mais
expressivos do falseamento da realidade se dá na concepção do estado como
representante das vontades coletivas, sendo que, infelizmente, ele é a pura reprodução
dos interesses comerciais, isto é, as relações produtivas personificada.
Por
consequência, há de se levar em consideração as contribuições feitas pelas
massas periféricas, sejam pela música ou outros meios de produção, pois são o
resultado ignorado do mundo capitalista, números e mais números que se não acrescem,
são descartados. A mudança que tanto desejamos, portanto, não será possível
enquanto não retornarmos as bases, aos movimentos revolucionários, enxergarmos o
quadro sem uma perspectiva elitizada, capaz de nos alienar da mesma forma que
aliena aqueles que pensam diferente. Cabe, a nós, principalmente em lugares
privilegiados como a universidade, ousarmos e voltarmos nossos olhares para a
realidade que estamos construindo, nunca esquecendo que nossos pensamentos e
atitudes dizem o tipo de sociedade que queremos ser.
“Já disse que precisamos ser mais do que somos, mas além disso, precisamos ser mais do que temos”
Eduardo Damasceno e Silva - Turma XXXVIII (Noturno)
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