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domingo, 22 de agosto de 2021

Brasil: materialismo e dialética

    A concepção materialista da realidade é entendida no sentido de que toda transformação material é alastrada para todas as esferas da sociedade, isto é, uma mudança nas relações de produção também altera o que Marx chama de superestrutura, a política, a cultura, a ideologia vigente. Para ele, a luta de classes, fenômeno dialético, é o que transforma a história em sociedade.

    Nesse sentido dialético e materialista, podemos interpretar a fluida realidade brasileira dos últimos anos. Voltando algumas décadas, para entendermos melhor a atualidade, conseguiremos perceber a presença do fenômeno dialético na política que se aplica até os dias de hoje. Tomemos o Collor de partida. A classe trabalhadora se opõe: lutou contra a perda de direitos arduamente conquistados. A classe burguesa, diante disso, com medo de uma revolução proletária acabasse com seu Estado burguês, também defende a saída do presidente.

    Com um pequeno salto temporal, visualizamos o PT (partido dos trabalhadores) no poder. Partido da classe operária, defendendo sua classe, muitos avanços nesse sentido. Contudo, no aspecto da luta de classe, percebemos um esforço do partido em ter conciliação com interesses da burguesia. A luta entre proletariado e burguesia é camuflada, ficando a primeira sem devida representação ideológica. 

    Somamos a isso a crise econômica experimentada no Brasil, com a recessão de 2014 a 2016, e vemos a mudança da luta de classes no país: não foi uma oportunidade para ascensão da ideologia proletária, mas sim uma imposição da ideologia burguesa. Nas entrelinhas, vemos a exploração da classe trabalhadora como forma de recuperar o capital. Enquanto o posicionamento dos proletários vê-se desorganizado, pela ausência de líderes que, de fato, não combatessem o seu caráter revolucionário.

    Chegamos, assim, na realidade atual, visto que é nesse cenário que surge o bolsonarismo, que nada mais é do que a representação dos interesses burgueses. Bolsonaro, máximo opositor da ascensão da classe trabalhadora, logo na sua posse declara ser o “dia em que o povo começou a se libertar do socialismo”. Entendemos essa defesa do ideal burguês, por exemplo, em sua reforma da previdência (conquista do proletariado)  – aumentando o lucro do capital às custas de mais tempo de exploração dos novos trabalhadores. Ou ainda, na censura da cultura no país, certa perseguição da oposição, ascensão da ideologia religiosa-extrema direita-conservadora, apoio ao armamento (para a elite), incentivo à privatização.

    Interpretando a realidade pela ótica materialista, vemos incontáveis perdas da classe trabalhadora nessa dialética política brasileira. Urge o revide dos ataques, com a luta do proletariado, organização política, resistência. Práxis.

Maria Júlia de Castro Rodrigues - 1º ano/ diurno

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