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domingo, 22 de agosto de 2021

Marx e a escravidão no Brasil

      O filósofo alemão Karl Marx revolucionou a maneira de se estudar a sociedade, uma vez que instituiu uma análise social a partir de uma concepção materialista. Dessa forma, Marx ao analisar a sociedade construiu a sua filosofia, tal como "do mundo para as ideias", e não "das ideias para o mundo", conforme faziam os pensadores que o antecedeu. Assim, para Marx, a história de todas as sociedades é a da luta de classes, ou seja, a dos oprimidos e dos dominadores. No caso do Brasil, existem e existiram diversos tipos de exploração entre classes sociais, mas, será destacada aqui a relação entre escravos e ruralistas.

     A partir do século XVI iniciou-se o tráfico de negros escravizados para servirem nos latifúndios brasileiros, aonde imperava o cultivo da cana de açucar. Assim, com a finalidade de gerar poder e riqueza aos senhores de engenho, o escravo era submetido à condições de vida desumanas, o que levaria ao início do confronto entre ambas as classes. Assim, tal confronto era visível pela ocorrência de revoltas e atentados dos escravos com o senhor, este que, quando possível, punia severamente o escravo revoltado. Entretanto, vale ressaltar que a superestrutura imperante no Brasil no período, imposta através do próprio Estado brasileiro, legitimava os interesses da classe ruralista, a qual, portanto, detinha o poder econômico e político para explorar o negro.

         Além disso, a tentativa de dominação do senhor de engenho também se valeu de aspectos culturais, de maneira a tornar o escravo alienado de suas raízes culturais africanas. Assim, no Brasil, os latifundiários sempre tentaram obrigar seus escravos a aderirem a religião cristã, de maneira a suprimir o sentimento de identidade e coletividade que os ritos africanos proporcionavam aos negros. Além disso, outro caso notável foi a proibição da capoeira em todo o território nacional a partir de uma lei, ou seja, o próprio Estado brasileiro tratou de oprimir a cultura africana. Assim, esse caso revela que é ilusória a perspectiva do Estado como um representante do interesse coletivo, uma vez que todas as ações estatais da época previam o beneficiamento da classe dominadora, ou seja, dos grandes proprietários rurais. Portanto, aqui, percebe-se que a máxima de Marx " a sociedade civil e não o Estado é o centro da dinâmica histórica" é totalmente válida, uma vez que o Estado, geralmente, representa os interesses das classes dominantes, coibindo a realização da vontade coletiva.

     Enzo Mario Suguiyama 1 ano matutino

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