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domingo, 22 de agosto de 2021

 Manifesto Comunista, Sennet e Brasil.


"TUDO QUE É SÓLIDO SE DESMANCHA NO AR, tudo que era sagrado é profano, e os homens são por fim obrigados, a encarar com olhos bem abertos sua posição na vida e suas relações reciprocas.". Podemos usar essa célebre citação do Manifesto Comunista de Marx e Engels, escrito durante o século XIX, como ponto de partida para reflexão acerca de  interpretação materialista de uma realidade etérea.

Nesse momento do capitalismo financeiro, no qual a fugacidade, o sentimento individualista, as incertezas, a ansiedade e um conformismo formam um corpo só. Dentro desse cenário que beira as sociedades ocidentais, em realce, pela globalização e uma padronização da vida humana, faltam poucos momentos para se questionar sobre a ordem e motivo das coisas. 

Para começar, podemos delimitar esse debate ao perímetro da sociedade brasileira, assim como recuar em cinco décadas atrás. O motivo para tal recorte espacial e temporal é que, respectivamente, o Brasil e sua sociedade reverberam traços do capitalismo emergencial, e também, para analisarmos as transformações ocorridas nesse intervalo de tempo. 

Se observarmos os movimentos do capitalismos, suas fases e a prática do que Marx e Engels afirmavam: "A BURGUESIA NÃO PODE EXISTIR SEM REVOLUCIONAR PERMANENTEMENTE OS INSTRUMENTOS DE PRODUÇÃO". Conseguimos perceber genuinidades que acontecem em países marginalizados, feito o Brasil, os quais pelo seu passado histórico (não somente pela colonização, porém, muito por sua causa) foram pelas "Grandes Nações"  impostos a passar de maneira inorgânica por todas as fases do capitalismo. De forma que são nítidos as lacunas formadas em nós por esse processo. Desde o desenvolvimento atrasado de industrialização já no século XX, com um país essencialmente agrário até ao financeiro, que estamos, no qual ainda possuímos, pelo últimos dados do IBGE em 2018, 6,6 por cento da população analfabeta, manifestando-se em 11 milhões de pessoas.                                                                                                  São muitas incongruências, uma desigualdade social absurda o suficiente para que nos questionarmos  qual o limite desse sistema. Porque, persiste aqui a  mesma tradição de apenas uma oligarquia aproveitar os benefícios desse sistema,  a partir do esforço de uma massa de milhões, os quais perdem cada dia mais sua dignidade e valor humano. Esse que vendem sua força de trabalho, assim como sua alma, para que essa elite em seus tronos egoísta discursem sobre meritocracia.                                             

De forma que podemos usar como amparo elucidativo o capítulo   do livro "O Novo Capitalismo" de Richard Sennet, porque apesar de se tratar de um autor norte americano, esse momento de sua obra discorre sobre um conformismo, uma perda da vida humana para o sistema capitalista, que cabe com o até aqui desenvolvido. Nesse momento da obra, Sennet reflete sobre os indivíduos alienados pela conjuntura do capitalismo, que diante de situações além deles, isto é maiores, como o desemprego,  acreditam ser justificável e normal o cidadão, na sua individualidade se auto culpar por isso. Por exemplo aqui no Brasil, passamos nessas últimas semanas por uma votação para a MP 1045, que já havia antes sido derrubada na Assembleia Legislativa, a fim de "reformar" certos direitos trabalhistas. Lendo-se "reformar" como retirar, ao passo que em breve poderá ver o mesmo discurso narrado por Sennet na sociedade, de que isso acontece, é preciso dar um jeito. Trabalhar mais, sejam empregos formais ou não, ainda que se perda sua autonomia, seu corpo e dignidade.

Pensando ainda sob essa linha de raciocínio de Sennet, podemos tratar também acerca do tempo, como mencionado antes. Porque é trazido por ele a perspectiva do capitalismo e suas fases e ecos. Antes, há cinco décadas, o modo de trabalhar, de estar em um local de trabalho era outro. Apesar das estranhas capitalistas prevalecerem, havia de algum modo uma sensação de solidez e duração. Com longas carreiras, longos anos em um mesmo serviço e uma conformação fatalista de sua vida e destino. De maneira que hoje, pede-se agilidade, não se pode esperar duração, é imperativo a necessidade de ser reinventar em todo momento.

Por fim, chegamos no sentimento de angustia, do que se fazer? Perdem-se cada vez a autonomia sobre a vida, sobre nós mesmo. De maneira que ansiedade e depressão configuram as doenças do século XXI, não à toa. Nesse momento que nos questionamos se um espectro do Comunismo e o fim das relações capitalistas seriam a alternativa para esse tempo. 



Isabella Uehara - 1a semestre noturno 

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