Na mitologia grega, Procusto, é um ferreiro, filho de Poseidon, que possuía uma cama, em que nenhum hóspede tinha o tamanho ideal, e por isso as torturava a fim de que se adaptassem (coubessem na cama). Analogamente, o sistema capitalista, movido pelo lucro, busca essa mesma padronização dos indivíduos por meio da personificação dos objetos, com valor simbólico, que depende da reificação dos seres humanos a partir, através do esvaziamento da sua capacidade reflexiva. Dessa forma, o indivíduo, cada vez mais alienado, transpõe seus sentimentos aos objetos e sustenta o mecanismo lucrativo do sistema.
Essa reificação dos seres humanos consiste na perda da capacidade reflexiva sobre os processos nos quais estão inseridos. Isso acontece por meio da alienação em que o trabalhador é estranho ao produto de sua atividade, com longas jornadas exaustivas de trabalho repetitivo, que produzem a perda de sua humanidade. Somado a isso, têm-se a indústria cultural, que atua na busca de ocupar o tempo livre do indivíduo, de forma a fortalecer, também nesses momentos, sua alienação e perda de individualidade, atingindo o lucro e controle das consciências, simultaneamente, tal como na lógica industrial para construir a massificação com consumo padronizado. Desse modo, a coisificação das pessoas cada vez mais padronizadas e massificadas, é observada como característica marcante da sociedade atual, que anula a criatividade individual e passa a estimular o consumo exagerado, projetando nos objetos a falta de sentimentos gerados pelo sistema.
Com isso, a personificação das coisas se apresenta cada vez mais acentuada, uma vez que há a transposição do ser para os objetos que possui e que o representam. A isso, Karl Marx, denominou fetichismo, em que significa que o indivíduo não compra o valor real (monetário) e sim o valor simbólico do objeto, de forma automática e desligado de reflexões prévias. Um exemplo disso é a ampla divulgação de acessórios e roupas relacionados à feminista e comunista, Frida Kahlo, amplamente vendidos não como objetos por si, e sim como ideia de que para ser feminista é preciso comprar aquele símbolo representante do movimento, ainda que esse esvazie completamente a história de resistência da personagem representada.
Portanto, é evidente que o processo de coisificação das pessoas é um pré- requisito para que a personificação das coisas seja construída. Essa, por sua vez, assim como no caso de Procusto, tortura as pessoas psicologicamente a fim de que se adaptem ao sistema de consumo capitalista, esvaziadas de pensamentos críticos. A solução dessa problemática da sociedade contemporânea, para Marx, seria a luta de classes, que se colocaria contra os mecanismos de exploração do capital e uniria a classe trabalhadora em prol do socialismo. Mariana Moreira Belussi - 1º ano matutino
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