Total de visualizações de página (desde out/2009)

domingo, 22 de agosto de 2021

Em busca da liberdade

 LIBERDADE

um poema de Carlos Marighella


"Não ficarei tão só no campo da arte, 

e, ânimo firme, sobranceiro e forte, 

tudo farei por ti para exaltar-te, 

serenamente, alheio à própria sorte.
 



Para que eu possa um dia contemplar-te 

dominadora, em férvido transporte, 

direi que és bela e pura em toda parte, 

por maior risco em que essa audácia importe. 




Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma, 

que não exista força humana alguma 

que esta paixão embriagadora dome. 

E que eu por ti, se torturado for, 

possa feliz, indiferente à dor, 

morrer sorrindo a murmurar teu nome” 



Como já se sabe, o debate acerca da liberdade é pautado há muito tempo pelo homem. Ademais, pelo fato de me encontrar inserido numa sociedade ocidental, cuja perspectiva de história aprendida bebe de uma estruturação de pensamento restrito, permito-me dissertar sobre a questão enunciada - “O que é ser livre?” - a partir das referências  aprendidas por mim. 


Voltando um pouco no tempo, precisamente na Grécia Antiga entre os séculos XIV a IX a.C, liberdade era estritamente relacionada à possibilidade de participação na esfera pública. Isso se deve ao fato de somente os cidadãos gregos terem a possibilidade de exercer a política. Logo, apenas homens atenienses e filhos de atenienses, com mais de 21 anos que detinham o potencial para ser verdadeiramente livre. 


Um pouco depois, filósofos modernos no período de revolução industrial, acrescentaram outras categorias para o debate que são utilizadas até os dias atuais. O contratualista inglês, John Locke, considerado por muitos como “pai do liberalismo”, crera que ao não estar sujeito a opressão do Estado ou sob determinação de alguém, você é livre. Além disso, reconhecia a importância do poder público para assegurar “direitos fundamentais” - como vida, liberdade e a propriedade privada. 


Em sequência, Jean-Jacques Rousseau e Hegel deram grandes passos para o debate, saindo do campo da abstração e pautando-se melhor na realidade. Ambos pensadores compreendiam a necessidade de limitar certas condutas egoístas para efetivar a liberdade, e que, caso necessário, pessoas podem ser “forçadas a ser livre” caso o bem comum prevaleça na situação. 


Por fim, chegamos apolêmico Karl Marx - sociólogo, historiador, economista, jornalistarevolucionário alemão e fundador do materialismo histórico dialético. Sabe-se que Marx, a partir de seu método que analisa o mundo a partir do desenvolvimento dos meios de troca e produção, tinha a ideia de que a sociedade dispõe de condicionantes sociais que nos obrigam a tomar atitudes. (Para exemplificar, gostaria que os leitores pensassem em um morador de rua que se encontra com fome e pode trabalhar 14 horas por dia, no sol e vendendo balas: do ponto de vista formal esse homem é livre, pois tem a possibilidade de aceitar ou não o trabalho. Entretanto, na realidade, caso ele não faça isso ele irá morrer de fome.) 


Dessarte, pode-se concluir, portanto, que sob o domínio do capital, a manifestação prática da vida humana e a atividade produtiva se tornam coerção, e a força de trabalho se reduz a mera sobrevivência. Desse modo, liberdades parciais no capitalismo, como a liberdade de econômica, liberdade política e, inclusive, o direito à propriedade privada, são características que pressupõem a manutenção de separação dos homens em classes. Em suma, a busca pela liberdade se faz essencial e fundamental para a vida humana, contudo, é preciso analisar meticulosamente as situações que nos distanciam desse ideal e que, como Marighella, se preciso forem busca da liberdade possa até ser torturado, indiferente à dor e morrer sorrindo a murmurar teu nome - em busca pelo socialismo e o fim da opressão do homem pelo homem.


Nenhum comentário:

Postar um comentário