Total de visualizações de página (desde out/2009)

domingo, 22 de agosto de 2021

O pensador alemão Karl Marx propõe um modelo teórico social que divide o esqueleto social em duas partes: a infraestrutura e a superestrutura. Esta última é composta por duas instâncias, sendo uma delas a jurídico-política, que possui como função a mediação das relações materiais e tem como uma de suas expressões máximas o Direito, que, como regra de conduta coercitiva, nasce da ideologia da classe dominante, a classe burguesa. Qualquer que seja a forma assumida pelo Direito (lei, jurisprudência, costume) sua essência estaria sempre submetida à vontade da classe dominante, e não a do conjunto do corpo social. Um exemplo disso na realidade etérea é perceptível pelas históricas leis brasileiras que asseguram a inviolabilidade da propriedade privada. Assim, nota-se que o Direito representa um mecanismo fundamental na manutenção da ideologia burguesa, inclusive por promover uma falsa ilusão de inexistência de luta de classes devido a impressão de igualdade jurídica.

Além disso, Marx desenvolve o conceito de Fetichismo e de Reificação. Enquanto o primeiro termo se refere a atribuição de muito valor e caraterísticas humanas aos objetos (o tangível se torna intangível) e o segundo “objetifica” o ser humano. Na praticidade contemporânea, essa via de mão dupla é perceptível no complexo industrial prisional, pois muitos encarcerados estão sendo utilizados como mão de obra destituída da segurança das leis trabalhistas em produções de objetos de grandes marcas. A aclamada Victoria’s Secret foi categorizada como uma das empresas privadas que adota esse sistema desumano e disponibiliza, no mercado, coleções de lingeries que promovem um status e um estilo de vida de moda e prestigio. Portanto, percebe-se que os encarcerados já privados de sua plena liberdade são uma mera engrenagem de um sistema produtivo que disponibiliza itens materiais de extremo status social para seus consumidores, quem muitas vezes nem param para refletir sobre a origem do objeto.

Por fim, o poema “O operário em Construção” de Vinicius de Moraes, de maneira lírica, colabora para essa desenvolvida interpretação materialista de uma realidade etérea: "Que a casa que ele (operário) fazia/ Sendo a sua liberdade/ Era a sua escravidão." e "Esse fato extraordinário: Que o operário faz a coisa e a coisa faz o operário".


Nenhum comentário:

Postar um comentário