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domingo, 22 de agosto de 2021

Vida Loka. Parte II

 

Às vezes eu acho que todo preto como eu

Só quer um terreno no mato só seu

Sem luxo, descalço, nadar num riacho

Sem fome, pegando as frutas do cacho

Ai truta, é o que eu acho

Quero também, mas em São Paulo

Deus é uma nota de cem

Vida Loka!

É com esse trecho que Mano Brown finaliza a música Vida Loka 2, uma pequena parte de uma grande música. Abordando diversos pontos do capitalismo contemporâneo, a música de Mano Brow está de maneira indireta, amplamente ligada com a filosofia defendida por Marx em suas obras e especificamente nas críticas feitas à filosofia hegeliana, que baseada nessa análise marxista específica é extremamente rasa.

Analisando o trecho da obra acima podemos ver como ela retrata a vontade dos negros na periferia, pretos que não querem as guerras dos centros urbanos, mas sim a paz e a calmaria em uma terra que parece inalcançável para quem vive no mundo capitalista onde o dinheiro dos burgueses possui supremacia e dita o que é possível e o que não é. Marx apesar de ter escrito suas obras há muito tempo aborda certos pontos que são facilmente observados nas entrelinhas dessa música.

Marx em sua análise sobre a filosofia de Hegel também aponta algumas falhas no pensamento hegeliano. É muito fácil se cativar pela liberdade e igualdade que Hegel aponta em seus textos, mas como Marx bem observa essa liberdade que Hegel aponta só é exercida pelos burgueses, esse argumento marxista é sustentado pela letra de Mano Brown, afinal, todo preto quer exercer sua liberdade e ter um terreno só seu, mas nos centros urbanos capitalistas ditados pela burguesia, o capital é a única religião e o sonho do preto se torna inalcançável.

Conclui-se que a única escapatória que sobra aos pretos é correr atrás da liberdade, a liberdade financeira que nunca chega pois os “trampos” exercidos pelas camadas mais pobres estão conectadas as vontades da burguesia, desde as entregas em aplicativos até o estudo, a burguesia controla e fica com o lucro em todos os casos e o proletário, o preto, com nada fica além do sonho de adquirir um terreno no mato só seu.

Victor Hugo da Silva Fernandes  | Turma XXXVIII       | Noturno 

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