Às vezes
eu acho que todo preto como eu
Só
quer um terreno no mato só seu
Sem luxo,
descalço, nadar num riacho
Sem fome,
pegando as frutas do cacho
Ai truta,
é o que eu acho
Quero também,
mas em São Paulo
Deus é
uma nota de cem
Vida
Loka!
É com esse trecho que Mano
Brown finaliza a música Vida Loka 2, uma pequena parte de uma grande música.
Abordando diversos pontos do capitalismo contemporâneo, a música de Mano Brow está de
maneira indireta, amplamente ligada com a filosofia defendida por Marx em suas
obras e especificamente nas críticas feitas à filosofia hegeliana, que baseada
nessa análise marxista específica é extremamente rasa.
Analisando o trecho da obra acima podemos ver como ela retrata a
vontade dos negros na periferia, pretos que não querem as guerras dos centros
urbanos, mas sim a paz e a calmaria em uma terra que parece inalcançável para
quem vive no mundo capitalista onde o dinheiro dos burgueses possui supremacia
e dita o que é possível e o que não é. Marx apesar de ter escrito suas obras há
muito tempo aborda certos pontos que são facilmente observados nas entrelinhas
dessa música.
Marx em sua análise sobre a filosofia de Hegel também aponta
algumas falhas no pensamento hegeliano. É muito fácil se cativar pela liberdade
e igualdade que Hegel aponta em seus textos, mas como Marx bem observa essa
liberdade que Hegel aponta só é exercida pelos burgueses, esse argumento
marxista é sustentado pela letra de Mano Brown, afinal, todo preto quer exercer
sua liberdade e ter um terreno só seu, mas nos centros urbanos capitalistas
ditados pela burguesia, o capital é a única religião e o sonho do preto se
torna inalcançável.
Conclui-se que a única escapatória que sobra aos pretos é correr
atrás da liberdade, a liberdade financeira que nunca chega pois os “trampos”
exercidos pelas camadas mais pobres estão conectadas as vontades da burguesia,
desde as entregas em aplicativos até o estudo, a burguesia controla e fica com
o lucro em todos os casos e o proletário, o preto, com nada fica além do sonho
de adquirir um terreno no mato só seu.
Victor Hugo da Silva Fernandes | Turma XXXVIII | Noturno
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