“Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca
luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve
Você pode e você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não
ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu
Num quer dizer que você tenha que sofrer
Até quando você vai
ficar usando rédea
Rindo da
própria tragédia?
Até quando
você vai ficar usando rédea
Pobre, rico
ou classe média?
Até quando
você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda
essa postura
Até quando
você vai ficando mudo?
Muda que o
medo é um modo de fazer censura”
[...]
Pode-se dizer, de certa
forma, que Karl Marx e Engels ficariam seduzidos por esse trecho formidável de
Gabriel Pensador. O cantor de rap traz em sua música uma temática muito
abordada pelos filósofos comunistas, ou seja, da luta que o proletariado deve
iniciar contra a dominação e exploração dos grandes proprietários.
Lastimavelmente, Karl
Marx não estava equivocado quando mencionou em seus escritos que o trabalhador
está sendo manipulado, submetido ao desumano, alienado e transformado em uma
máquina de produzir riqueza aos capitalistas. Acho plausível fazer um adendo de
que a expressão “lastimavelmente” no início do parágrafo refere-se ao meu
sentimento de descontentamento ao me deparar com uma situação de opressão em pleno
século XXI.
Não é utopia (quem dera
fosse) que existem pessoas trabalhando em situações deploráveis, sendo
subjugadas a produzirem durantes horas, recebendo o mínimo para sobreviver
(olhe só para o Brasil, vivemos essa realidade. O trabalhador brasileiro que
recebe um salário-mínimo, ele não vive, ele sobrevive).
Além disso, é horripilante perceber
que enfrentamos uma estrutura posta. (Não irei generalizar, pois existem
pequenas exceções), mas esse mesmo trabalhador que está sendo explorado e
oprimido veio de estruturas sociais que perduraram (existe uma relação de
classe e etnia na formação da classe trabalhadora), assim como o grande
proprietário, o dono dos meios de produção também veio de uma estrutura que se
manteve. É nítido isso, bom, no Brasil é.
As
transformações ocorrem durante a história. A vida humana é volúvel. Hoje somos,
amanhã não somos mais. Tudo é apenas no instante. Mas, se vivemos uma vida
etérea, onde estão as mudanças necessárias para retirar o trabalhador dessa
situação abominável que ele vive?
É
exatamente sobre essas prerrogativas que surge o método materialista histórico-dialético marxista.
Karl e Engels discorrem sobre o movimento do pensamento através da
materialidade histórica da vida dos homens em sociedade, isto é, trata-se de
descobrir as leis fundamentais que definem a forma organizativa dos homens
durante a história. A filosofia marxista está na práxis, no concreto, na vida
material. Sendo que será através de um conhecimento profundo da história
material que as transformações irão de ocorrer. Trata-se de fazer uma projeção
científica da realidade.
Não é sobre partir de
uma lógica filosófica, idealista e, sim de uma lógica concreta, analisando a
realidade como ela é para que consigamos atingir grandes transformações. A
música de Gabriel demonstra muito disso, não adianta projetarmos apenas ideias
de mudança, as modificações sociais irão acontecer por meio de luta e
enfrentamento. Não podemos e não devemos nos abster, e nem mesmo perder as
esperanças. Tomar uma postura de imparcialidade diante de uma análise histórica
concreta não mudará as estruturas vigentes.
Bom, serei franca em
minhas análises e reconhecerei minha ignorante enquanto ser humano. Não sei o
que irá mudar ou transformar a vida do trabalhador. Talvez estejamos longe de
grandes mudanças ou talvez não. Mas enquanto isso, não podemos aceitar a
realidade em que vivemos. Como já dizia Gabriel, “devemos mudar nossa postura,
porque o medo é um modo de fazer censura”.
LÍVIA GOMES - 1º PERÍODO DE DIREITO NOTURNO
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