O pensamento cartesiano representa um grande marco para a ciência, dado que esse sugere, pela primeira vez, a necessidade de seguir certa metodologia pra alcançar afirmações verdadeiras. No entanto, o caráter separatista do método cartesiano é alvo de muitas críticas na atualidade. Hoje, sabe-se que para obter conhecimento mais amplo é necessário não isolar o objeto estudado de seu contexto, adotando uma visão de mundo menos mecânica e mais sistêmica, onde cada parte contribui para o funcionamento de outra. Assim, deve-se considerar que todas as áreas do conhecimento estão interligadas e são igualmente importantes. Além disso, é imprescindível valorizar o conhecimento popular e cultural e não apenas o acadêmico. O autor Boaventura de Souza Santos explica isso por meio do conceito de “ecologia dos saberes” no qual relaciona o método cartesiano a uma monocultura. Nesse sistema, devido ao plantio de uma única cultura, há o empobrecimento do solo e menor rendimento. O mesmo ocorre se a produção de conhecimento se valer de apenas um meio, desconsiderando as interrelações com outras áreas e atores. Por fim, caracteriza a razão como indolente, por não enfrentar a complexidade de suas relações complementares.
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