Muito tem-se discutido na antropologia atual sobre a importância da contextualização e interpretação dos fatos de maneira conjunta. Como oposição
a isso, método cartesiano mantem-se em atividade, o que é motivo de discussões e complexas incertezas.
O filme “Ponto de Mutação” trata sobre isso. Em um roda de conversa formada por um político extremamente pragmático, um poeta desiludido e
uma cientista revoltada, são levantados, especialmente por parte desta, questionamentos sobre o modo com que a sociedade atual age perante ao desenvolvimento do mundo. A mulher, que coordena o ritmo da conversa, faz
duras críticas ao sistrema capitalista e a forma com que as políticas lucrativas colaboram para a destruição do mundo, usando como exemplo a floresta amazônica. A engrenagem da conversa se
dá por uma “disputa” intelectual entre ela e o político.
O debate se da quanto ao método cartesiano aplicado em todo o mundo. Seria a separação de disciplinas algo colaborativo, ou um fator de descrédito para
a humanidade? Convém dizer que Descartes viveu há séculos atrás, quando a ciência dava seus primeiros passos, e o conhecimento sobre o mundo ainda era muito incerto (se é que ainda não
o é). Em razão disso, a separação do conhecimento em disciplinas colaborou muito para o avanço humano. Porém, no mundo atual, é necessário considerar que nada ocorre
por si só, ou seja, há sempre influências diretas e indiretas de um acontecimento para outro, principalmente no mundo globalizado. Há exemplo temos o recente COVID-19, ou Coronavírus, que
surgiu na China e hoje infecta todo o globo. Como já se sabe, o contágio não apresenta grandes riscos para a humanidade, no entanto, quando analisadas as consequências da fácil transmissão,
e não apenas o modo de agir desse patógeno, percebemos que o potencial prejuízo vai muito além, pois devem ser considerados o número insuficiente de respiradouros nos hospitais (uma vez que a doença
ataca o sistema respiratório), o respaldo econômico (com observadas grandes quedas nas bolsas) e o bloqueio de instituições de ensino, por exemplo.
Em síntese, a contextualização é indispensável, o que acaba, de certa forma, por desvalorizar as ideias de Descartes, ainda que tenham contribuído
muito para a construção da ciência moderna. É necessário compreender a importância do filósofo francês e, ainda assim, assumir que novos modos de busca do conhecimento são
mais aptos para o mundo hodierno.
Gabriel Nogueira. Primeiro semestre, noturno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário