No filme, Ponto de Mutação, 3 arquétipos diferentes conversam sobre a modernidade e os seus efeitos sobre a humanidade em geral. para discutir isso, o político, o poeta, e a cientista percorrem uma linha história sobre o que significa o pensamento cartesiano seus resultados na atualidade.
O principal ponto que a cientista, Sônia, possui é que para ela a política continua operando através de uma lente de pensamento parecida com a que Descartes inventou 300 anos atrás e que, tal filosofia, não serviria para explicar o mundo globalizado e tornaria a solução de problemas apenas temporário porque não se considera as consequências de certas ações de maneira sistemática. Essa também é sua justificativa para se abster da política e não votar.
Hoje, no século 21, quando o pensamento holístico está cada vez sendo mais aceito na ciência mundialmente (que, apesar disso, ainda se prende aos formatos que nasceram na modernidade), a visão de Sônia parece extremamente privilegiada e cega. Ela continuamente insiste que é preciso de uma mudança de perspectiva em escala mundial sobre a vida em geral. Para isso, ela vira a ecologia e como o pensamento sistemático funciona melhor para um mundo globalizado. Porém, toda vez que o político tenta propor uma solução para um problemática apresentada, ela retruca com os efeitos dessa própria solução e como as causas não são combatidas e, portanto, o problema não será solucionado.
Uma metáfora usada no filme é a de um paciente com uma doença no fígado, que recebe uma cirurgia para a sua melhora. Sonia argumenta que o problema não está realmente solucionado porque o impacto que o processo cirúrgico tem no corpo do paciente é muito alto, criando outros problemas de saúde e evitando a fonte do problema na alimentação dele. Nisso, ela cita que há maiores gastos com a criação de corações artificiais do que com a melhoria da alimentação e qualidade de vida das pessoas gerais.
Sonia, tecnicamente, não está errada: realmente os gastos para medicina preventiva são mínimos comparados aos gastos com a "cura" de certas doenças, e se criou um mercado que se beneficia com o adoecimento constante da população. Mas esse tipo de pensamento, ou filosofia, de Sônia é inerte. Ficar insistindo que é preciso uma mudança de perspectiva enquanto, ativamente, escolher não participar da política do seu país (que afeta o mundo todo) não é só hipócrita e contra produtivo, como extremamente irresponsável. Uma mudança de perspectiva radical não é possível sem precedentes históricos. Essa mudança é um processo, que precisa ser construído através de meios tanto políticos quanto científicos. Se abdicar de votar é como se uma médica se recusasse a operar o paciente na maca porque ela acredita que é preciso mudar sua alimentação.
Isadora Lima Ribeiro - 1° Semestre/Direito Noturno
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