No filme "ponto de
mutação", adaptação da obra do físico Fritijof Capra, uma das
discussões apresentadas se relaciona fortemente com o relógio. Esse instrumento
mudou a maneira como a humanidade enxerga a própria natureza. Em um dos
momentos do filme, a personagem Sonia Hoffman, interpretada pela atriz Liv
Ullmann, explica que os seres humanos começaram a comparar o funcionamento
desse instrumento com a natureza, chegando à conclusão de que os dois teriam funcionamento
muito semelhantes. Essa visão mecanicista faz uma analogia entre o funcionamento
mecânico de um relógio e os fenômenos naturais, na qual ambos podem ser “desmontados”,
“reduzidos a um monte de peças simples e fáceis de entender”, e, logo após isso,
passamos a entender o objeto estudado.
Esse comentário presente no
filme traduz uma das bases do pensamento científico. Ele foi consolidado a
partir da Revolução Científica, movimento intelectual ocorrido na Idade Moderna
e que contou com forte contribuição de pensadores como Galileu Galilei, Francis
Bacon e Descartes e que ainda ecoa na atualidade.
No entanto, a partir do
século XX, um pensador francês chamado Edgar Morin passa a tecer fortes
críticas a essa forma de pensar o mundo. De acordo com uma de suas conferências
realizadas nos anos 90, conhecida como “Por uma reforma de pensamento”, o autor
defende é preciso que conciliemos esse modo de pensar mecanicista com um
sistêmico. A razão dessa união seria o desenvolvimento de um pensamento “complexo”,
(palavra que vem do latim e significa “que é tecido em conjunto”), ou seja, um
pensamento baseado da Teoria dos Sistemas, em que cada parte dialoga com outra e
se percebe como parte de um todo impossível de se separar, necessitando que a
análise seja feita sempre em conjunto.
O motivo seria o fato de
que a maior parte dos fenômenos naturais estão intimamente conectados e que ao
tentarmos separá-los, a analise será rasa e inverossímil, afetando seriamente a
produção de um conhecimento confiável.
Portanto, é
preciso que se desenvolva na atualidade um pensamento que una, ou seja, um
pensamento complexo. É preciso globalizar e contextualizar, situar num conjunto
se houver um sistema. Na opinião do autor, essa reforma deve se iniciar nas
escolas primárias e em pequenas classes, por meio de uma reforma educacional
que reforme primeiro os espíritos e depois as instituições.
DIOGO PERES TEIXEIRA - 1º ANO DIREITO MATUTINO
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