A exploração da natureza na Idade Moderna, legitimada pelos ideais empíricos de Francis Bacon, foi consoante com a exploração do feminino. Caçada como uma bruxa, dela extraída o que os homens davam como útil, sugada e devastada, a natureza sofreu consequências do egoísmo humano em prol da satisfação pessoal na obtenção de lucros e consolidação e posterior manutenção das estruturas do capitalismo. Então, a ciência passou a ser um mecanismo de poder, dando aos usurpadores permissão para desenvolver suas vontades e mesclá-las à grande quantidade de dinheiro envolvida, resultando num sistema intransponível que consumia quase todos que tentavam enfrentá-lo.
Hoje em dia, no entanto, a ciência se encontra segmentada, posto que seus dois principais objetivos são:
I. Manter a velha política por ela mesma financiada;
II. Recuperar os danos feitos pela mesma.
Por isso, no contexto técnico-científico-informacional, a informação, a técnica e a ciência são, junto ao capital, de fato, poder. O que revela os interesses por trás dela, nos fazendo pensar sobre quem a financia e quem a transforma. O Brasil, por sua vez, reconhecido mundialmente por ser um país agrícola, sofre com o desmatamento freneticamente desde a pré-colonização, e nada significativo é feito, uma vez que a poderosa bancada do boi é hoje responsável por grande parte dos PIB nacional, manipulando a ciência para a contiguidade dessa estrutura.
Além disso, tal atuação é vista também na obra do jornalista uruguaio Eduardo Galeano, As Veias Abertas da América Latina, em que o autor expõe a esterilização forçada de grupos de mulheres marginalizadas na A.L. por filiais de empresas estadunidenses em solo latino-americano, uma vez que o sub-emprego nessas companhias era a única maneira dessas mulheres conseguirem alimento para suas famílias, as colocando numa condição de submissão àqueles que continuavam a lucrar e fazerem o que desejavam, uma vez que detinham o poder sobre aqueles ausentes de conhecimento científico e riquezas. Isso tudo configurou a analogia entre a exploração da natureza e do feminino, exposta pelo filme Ponto de Mutação.
Também, nota-se a dificuldade das ciências em passar por cima de tudo isso e desenvolver um saber ecológico, pois, mesmo que tenha ferramentas para isso, o financiamento dessas questões vão de encontro com as estruturas fraudulentas e avassaladoras que são mantidas financeiramente pelos detentores do poder. Assim, no mundo, além de "Saber é poder", "Dinheiro é poder" também, configurando num viés pessimista sobre os avanços da ciência sobre as questões humanas e ecológicas, pois o "EU" normalmente sobrepõe-se ao coletivo, assim como exprimido por A. Schopenhauer, que coloca o egoísmo como motor fundamental do homem, regendo o mundo como lema "Tudo para mim e nada para os outros", como um aval à exploração da vulnerabilidade alheia e obtenção de benefícios nisso.
Anita Ferreira Contreiras - Direito Noturno - 1º ano
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