Descartes, em sua obra “O discurso
sobre o Método”, datada de 1637, propõe um sistema (ou método)
quase matemático para encontrar uma verdade universal, em outras
palavras, livres de senso comum ou falhas. Durante a obra ele expõe
e exalta a razão, ou melhor a autoridade da razão, confrontando os
antigos e suas verdades eclesiásticas imutaveis, convidando-nos a
duvidar; Em todo o momento os questionamentos mostram-se
importantíssimos nessa busca, desse modo, indagando o homem
medieval, anterior a ele, e estimulando uma centelha de curiosidade
no homem da idade moderna, da qual ele participava. A centelha de
curiosidade talvez já tivesse existido em outros tempos, a indagação
faz parte do homem enquanto ser racional, contudo, alguns poucos
ousaram utiliza-la de modo que provocasse uma metamorfose na
sociedade, como fez Galileu, Newton ou Gandhi, por exemplo.
O homem de hoje, dito “ultra-moderno”,
que já está inserido no capitalismo, tem uma oferta imensa de
facilidades, informações, ferramentas e tudo mais que a tecnologia
pode oferecer, este homem já está acomodado ao fato ser mero
reprodutor de informações, viver como gado e não ser possuidor de
sua própria identidade moral, afinal, deixa que outros pensem e
executem por ele, seja pela tela da TV, pelos livros com viés
puramente ideologicos, pelo que ouviu falar na mesa do bar, ou seja,
acaba rendendo-se ao senso comum e com ele tecendo uma trama de
paixão, chegando à metade do caminho, portanto, encontrando apenas
meia verdade, não questionando por completo.
Para este que vos escreve, Descartes
não quis dizer nada menos que isso: “não sejam acomodados”,
instigando-nos a buscar sempre a verdade, valendo-se da razão para
tal. O homem do século XXI tem um prejuizo moral imenso ao deixar-se
levar por retórica barata e não duvidar por completo, extirpando um
ponto x quando algo não lhe convem ou fere sua fantasia, buscando
apenas “meia verdade” (caso isso seja possível) e pior ainda:
quando não aceita a dúvida de outrem, encarado-a como crítica ou
perseguição, os tempos de cólera pela qual passa o nosso país
leva-nos ao extremismo e imobilidade, justamente os preceitos
combatidos por Descartes, portanto, a duvida deve ser o ponto de
partida e de chegada, o acelerador e o freio, deve ser o deleite e a
consternação, enfim, deve ser o modus operandi de nossa caminhada.
Victor Hugo Xavier, 1 ano Direito –
Noturno.
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