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domingo, 13 de março de 2016

Entre Apolos e Dionísios

   O homem moderno transita entre as esferas racionais e emocionais da vida, buscando conforto e soluções para os males que o afligem. No século XVII, René Descartes defende em sua obra "O Discurso do Método" a importância da razão para a obtenção do conhecimento científico e como esse recurso deve ser priorizado para o progresso das sociedades. Contrariando a visão cartesiana, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto que permite a produção e comercialização da substância fosfoetanolamina, conhecida como "pílula do câncer", que mesmo sem ter tido sua eficácia comprovada ou ter sido testada em humanos ainda assim foi objeto de uma clara ação emocional de descaso com a comunidade científica nesse país. Esse acontecimento somente expõe o quão atrasados nós brasileiros estamos quando se trata de ciência, uma vez que nem mesmo aqueles responsáveis por tomar as decisões capazes de promover uma real mudança na sociedade são capazes de respeitar o método já preconizado por Descartes.
    Ainda nessa obra, o pensador discorre sobre a necessidade de conhecer até mesmo as "más doutrinas" para não correr o risco de ser enganado, nem pelas promessas da alquimia, nem pelas predições da astrologia. Atualmente, essas doutrinas persistem na sociedade, o que realça a importância do conhecimento para driblar a alienação de "alckimistas" como os presentes no governo estadual, ou a de astrólogos como aquele que possui coluna na revista de maior circulação nacional.
   Assim, o homem persiste nos erros já evidenciados desde o século XVII, alternando suas referências entre Apolos e Dionísios. Contudo, no que diz respeito à decisões de ordem coletiva e social, deve-se buscar ao máximo a aceitação das ideias cartesianas, para que um dia, talvez, a constante disputa entre essas  figuras da mitologia grega deixe de assombrar a sociedade brasileira.

Vítor Hugo Cordeiro- aluno 1º ano direito diurno

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