A obra o “Discurso do Método” de René Descartes apresenta conteúdo extratemporal, na medida em que possibilita inferências acerca do comportamento do homem hodierno. Partindo-se do pressuposto sumário defendido por Descartes, que pode ser sintetizado pela ideia de que o mundo somente é passível de explicação pelo homem, e considerando um cenário, no qual o homem diariamente é submetido a um turbilhão de informações, denota-se a dificuldade encontrada para a realização de uma leitura isenta de mundo. Dessa forma, parafraseando Descartes, deixamos de achar falso, o que por ora, seja possivelmente apenas provável.
Os noticiários e redes sociais são capazes de nos incutirem inúmeras realidades e opiniões, no entanto, em muitas das vezes o que ocorre é a tomada de um conhecimento incipiente e que não passa por um crivo profundo do indivíduo. Além disso, essa propagação indiscriminada de informações é capaz de desencadear uma espécie de “catarse coletiva”, em que os sentimentos se afloram, em detrimento da razão. Um exemplo prático disso, pode ser percebido no debate que envolve a redução da maioridade penal. Muitos do que se apegam a tal possibilidade, baseiam-se em casos específicos envolvendo menores, mas ignoram estatísticas e as implicações futuras que essa ação poderá ter no desenvolvimento social de um jovem.
Em consonância a isso, deve-se reiterar ainda a importância da segurança e da retidão ao se exprimir determinada opinião. Não se deve ficar alheio às mais variadas vertentes do conhecimento, pois somente com uma radiografia profunda do conhecimento, que se atingirá um patamar de compreensão rigoroso do mundo, configurando um processo de “reconstrução científica”.
Dessa forma, o norte dos procedimentos do homem deve ser pautado pela razão metodológica, seja no esfera acadêmica, política ou social, com vistas a otimizar a produção de um conhecimento sistêmico e integral, com embasamento e alicerces sólidos. Duvidar e desconfiar de verdades são prerrogativas que condicionam a certeza da existência ao homem, e somente valendo-se disso é que ele conseguirá discernir o que é claro do obscuro.
Paulo Henrique Soares de Lacerda – 1° Ano – Diurno.
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