A exemplo disso temos o
julgamento do ex-presidente Lula, onde muitos tomam como verdadeiro o seu
envolvimento em esquemas de corrupção e falsidade ideológica, pois o senso
comum que permeia nas redes sociais é o de que ‘’independente de provas, Lula é corrupto e deve ser preso’’. Esse pensamento, mais ligado à paixão do que à razão, é
falacioso e não parte do princípio racional que Descartes desenvolveu. Para se
ter certeza de algo, é necessário questionar e produzir uma análise profunda e
minuciosa sobre determinado tema, de forma a construir a verdade. Quais as
provas do envolvimento de Lula? Elas são verídicas? Ligam claramente o réu ao
crime? Há inconsistências nas falas das testemunhas? Tudo isso e muito mais
deve ser levado em consideração antes de decidir se um sujeito é culpado ou
inocente. Afinal, o réu é inocente até que se prove o contrário.
Duvidar de tudo, principalmente
daquilo que se dá como certeza ou que parte do senso comum, é o princípio que
não circula apenas nos livros de Descartes, mas também nos livros de Direito. É
o que leva advogados a vasculharem tudo que está a seu alcance e organizarem suas
ideias, levando-os a um entendimento maior de seus clientes para posteriormente
conseguirem vencer um caso. Como diria o filósofo: “Os que têm o raciocínio
mais forte e melhor digerem seus pensamentos, a fim de torná-los claros e
Inteligíveis, são os que melhor podem persuadir do que propõem. ”
A racionalidade cria a
lei e a dúvida a interpreta. Juristas, ao decidir sobre o destino de um
cidadão, devem partir do racional e do imparcial, e nunca basear sua decisão a
partir do pensamento coletivo cotidiano. Afinal, segundo Descartes: “Aprendi a
não crer com muita firmeza em nada do que só me fora persuadido pelo exemplo e
pelo costume. ’’
André Luís de Souza Júnior
1º Ano Direito Noturno UNESP
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