René Descartes
afirma, em sua famosa obra “O Discurso do Método”, que a dúvida seria o princípio
fundamental de seu método científico para se chegar à verdade absoluta. Empreende-se
que tal método consistia na
dúvida metódica, como explícito em um trecho de sua obra: “por desejar
então dedicar-me apenas a pesquisa da verdade, achei que deveria agir
exatamente ao contrário, e rejeitar como totalmente falso tudo aquilo em que
pudesse supor a menor dúvida, com o intuito de ver se, depois disso, não
restaria algo em meu crédito que fosse completamente incontestável. Ao
considerar que os nossos sentidos às vezes nos enganam, quis presumir que não
existia nada que fosse tal como eles nos fazem imaginar".
Analisando
nossa sociedade hodierna observamos como a proposta de Descartes torna-se
totalmente atual e necessária. Se alguns indivíduos de nossa sociedade(não
podemos generalizar) duvidassem das informações que recebem antes de torná-las
verdades absolutas, provavelmente, teríamos um mundo um pouco diferente.
Homens e
mulheres do mundo contemporâneo aceitam aquilo que esta presente no senso comum
sem se questionarem, em outras palavras, acreditam em tudo que lhes é passado. Uma
exemplificação disso é como as pessoas são educadas pelo que assistem na televisão.
Ano passado nos telejornais ouvia-se que alunos invadiam escolas e praticavam
atos radicais e de vandalismo, eram matérias sensacionalistas que não ouviam o lado dos estudantes. Com isso, muitos indivíduos, sem duvidar do que realmente acontecia com aqueles
alunos que estavam lutando pela educação em um país no
qual essa é sucateada, apenas criticavam a atitude dos estudantes sem buscar outras fontes.
Minha
hipótese é que se as pessoas duvidassem, pensassem, se questionassem e
buscassem mais informações sobre determinado assunto antes de o tornarem uma
verdade totalmente correta, alguns indivíduos entenderiam que feminismo não luta
contra o homem e sim contra o machismo, que a corrupção não esta presente apenas no
congresso e no senado mas também naquela pessoa que fura a fila, estaciona em
vagas preferenciais e burla leis de trânsito, que não se pode criar uma fórmula
para definir o que é uma família como a tentativa do Estatuto da Família, que
a homofobia, o racismo, a xenofobia e todos os outros tipos de preconceitos devem
ser combatidos e não perpetuados e entre outras abordagens.
Logicamente,
aceitar algo como verdadeiro sem se perguntar o porquê daquilo é mais “fácil”,
a verdade é que não pensar e não
desconstruir todas as supostas verdades que adquirimos é menos trabalhoso do que
duvidar das informações que possuímos, porém, se mais indivíduos utilizassem do
método antigo e ao mesmo tempo tão atual de Descartes talvez tivéssemos uma
sociedade que não se baseia somente no senso comum, mas que busca as informações
e constrói sua própria opinião sobre os fatos.
Ana Paula
Mittelmann Germer- 1º ano direito noturno
Nenhum comentário:
Postar um comentário