Dignidade
O
entendimento da construção identitária humana, no que abarca as questões de
gênero, sexo biológico e os sentimentos de ser - querer ser, ou ser biológico -
sentir ser psíquico é, a bem da verdade, complexo. Complexo no sentido de que a
dualidade CIS/TRANS, sendo CIS homem ou mulher e TRANS homem ou mulher não se
bastam para explicar as imensas possibilidades de construção e entendimento do
indivíduo para consigo mesmo.
De
fato, os transgêneros em geral enfrentam uma série de “problemas”, os quais vão
desde o preconceito, o fato de viverem em uma sociedade ciscêntrica, o mal
tratamento por indivíduos ignorantes e transfóbicos e o fato de ouvirem a todo
tempo discursos deslegitimadores de sua identidade – personalidade, os quais
são externos ao individuo, até o sofrimento e a angústia pessoal relacionado a
nao-identificação (ou desalinhamento) entre o sexo biológico e o sentimento interno
de pertencimento ao sexo, os quais são internos ao indivíduo.
Nesse
contexto de intensa coerção, tanto do indivíduo para consigo mesmo quanto da
sociedade para com o indivíduo, a cirurgia de transgenitalização (mudança de
sexo) pode significar a emancipação do indivíduo em relação a seus problemas
internos, o que muito o ajudará no combate ao preconceito e ignorância advinda
do externo.
A
decisão favorável ao custeio pelo Estado da cirurgia de transgenitalização, bem
como alteração do registro civil, para constar novo nome e modificação do sexo
do masculino para o feminino concedida pelo juiz Fernando Antônio de Lima, em
Jales, deve ser entendida como um importante passo em relação a efetivação dos
direitos dos transexuais. Esses indivíduos merecem apoio do Estado em relação a
seu bem estar físico – psíquico pelo fato de serem seres humanos, dignos, como
todos os outros.
Victor
Xavier Cardoso
Direito
1º ano – Noturno.
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