O
que mais chama atenção na análise do caso da transexual estudado nessa semana não
é a dificuldade imposta para que ela consiga o que quer (uma cirurgia para mudar
de sexo e um novo registro civil), mas sim o motivo dessa dificuldade. A parte
enfrenta preconceito e depressão devidos a sua condição e luta contra as
dificuldades existentes para que possa alcançar seu objetivo.
O
fato é que em boa parte da sentença apresentada se passa questionando se o caso
se classifica como doença ou não, e, de acordo com a classificação, qual a
norma que deve ser aplicada para que o pedido da parte seja concedido. A partir
disso é possível detectar dois problemas: primeiro, a tecnicidade do Direito
atual, que em sua formalidade se encontra limitado e incapaz de resolver impasses
como o caso estudado, além de sua lentidão em solucionar uma situação que está
vinculada a vida de um ser humano. O segundo problema por sua vez é relativo à
sociedade, e não ao Direito, e este é a necessidade de catalogar tudo que
existe. Ela dificulta as relações sociais, jurídicas e até mesmo pessoais e deriva
do desejo de se prever o que aconteça para que assim seja possível manter a
realidade como ela está, ou seja, de acordo com a vontade de certos grupos
dominantes.
O
trabalho de juízes como o que decretou a sentença estudada pode ser visto como
uma luz no horizonte para um Direito dominado pela formalidade, que não é capaz
de satisfazer uma sociedade diversificada que se reinventa a todo momento.
Felipe Reolon - 1 ano Direito Noturno.
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