O filme “Ponto de Mutação” é um retrato não só dos
problemas que assombram nosso mundo desde a época da publicação do livro em que
foi baseado, mas também da própria subjetividade do ser humano. Uma simples
caminhada de uma física, um político e um poeta torna-se uma verdadeira jornada
por diversas concepções sobre o mundo, sejam elas contemporâneas ou de séculos
atrás.
Há diversas críticas à sociedade ao longo do filme,
principalmente no que diz respeito ao caos que as ações humanas predatórias
trouxeram à natureza e ao próprio homem. Mas quem é o culpado? E quem traria a
solução? Afinal, sequer é possível elaborar uma resposta correta para estas
indagações? A conversa entre as personagens talvez traga mais dúvidas, pois
sugere a complexidade dessas questões, ressaltando o fato de que jamais podemos
colocar todas as frustrações ou esperanças em um único ser, pois todos,
querendo ou não, estão interligados de várias maneiras.
Outra questão abordada no filme é a problemática da concepção
mecanicista, paradigma já esgotado que trouxe inúmeras consequências ao sugerir
que o mundo fosse uma máquina, desvalorizando o conceito de vida. Há também a
atitude humana de preferir a cura à prevenção, já que esta exigiria uma mudança
extrema de hábitos e do sistema em si (o que desagradaria grande parte da população),
tornando a solução baseada nos avanços tecnológicos de certa forma mais
simples.
Qual a conclusão certa a se tirar do filme? Não sei, pois a
minha talvez seja diferente da sua, o que não a torna errada. Há diversas
formas de pensar, de interpretar e de conhecer, todas interligadas, assim como
as pessoas responsáveis por elas, pois esta é a essência do mundo, o elemento
principal da vida, e esta precisa ser resgatada através de mutações da
sociedade e do ser humano.
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