Analisar a visão de mundo de cada
pessoa e a partir dela extrair conclusões capazes de auxiliar no entendimento
da dinâmica da humanidade é o tema central do filme “Ponto de Mutação” (Bernt Capra, 1990), o qual reflete acerca do
pensamento humano e dos pilares da existência ao longo do natural processo da
vida. Apresentando como ambiente principal um castelo medieval sazonalmente
isolado, tal metáfora indica o próprio isolamento da mente humana, que por sua
vez encaminha uma ampla discussão a respeito do mundo, da natureza e do próprio
espírito dos homens.
O
verdadeiro ponto de mutação consiste na alteração do modo com que o intelecto
concebe e julga suas ideologias, instruindo ao rompimento com doutrinas
tradicionais do século anterior em virtude de novas formas de pensamento que
correspondam com os aspectos do novo milênio. O tradicional método cartesiano é
posto em cheque diante de um novo paradigma atual, o qual renega e contraria seus
trezentos anos de vigência. Com embasamento teórico nas leis de Newton,
Descartes defendia a divisão do todo em partes para auxiliar sua compreensão e
produzir uma concepção mais completa acerca do estudado. Encaminhando a uma
mecanização da forma de pensar, tal fracionamento indica o meio encontrado pela
raça humana para priorizar seus interesses particulares, uma vez que separar o
elemento analisado facilita na inserção de um caráter subjetivo na conclusão final.
A figura do político fracassado no filme mostra-nos o quão obsoleto tão caminho
pode se apresentar, sobretudo em razão à sua forte tendência ao erro.
O
século XX trouxe para a humanidade a inserção de novos elementos em seu
cotidiano. O advento da tecnologia e os avanços da ciência, rapidamente difundidos
no meio social, conduziram a uma nova forma de pensar sobre o mundo. A
facilidade de comunicação e a rapidez na transferência de informações
encaminharam-nos a um processo de encurtamento das distâncias, refletindo no modo
de pensar sobre o mundo. Este novo paradigma aponta para a necessidade das interconexões
e de uma análise conjunta dos problemas atuais, pois toda a humanidade faz
parte de um mesmo todo: o universo. Dividir o universo a fim de compreendê-lo
seria renegar os aspectos comuns a todos os indivíduos. Tal divisão
apresenta-se equivocada, pois todos os homens integram a mesma teia de relações,
e a compreensão deve ser conjunta para garantir sua efetivação.
Problemas como a fome,
crises financeiras, catástrofes naturais não interferem em um grupo isolado e
as consequências acarretadas atingem toda a população mundial cada qual com sua
magnitude. Como exemplo, os conflitos árabes isolados ocorridos no século XX
resultaram posteriormente na Crise do Petróleo, desestabilizando toda a
economia mundial. Dessa forma, devemos estar abertos para os modelos
sistêmicos, estabelecendo nosso ponto de mutação na forma de ver o todo e
compreendê-lo, renegando, assim, a mecanização. Toda a humanidade compõe a
mesma teia de relações e analisá-la conjuntamente afasta-nos do isolamento,
impedindo que nos tornemos tão obsoletos como um mero castelo medieval.
Luisa Loures Teixeira - 1º ano Direito diurno
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