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segunda-feira, 25 de março de 2013

Compreensão sistemática


Analisar a visão de mundo de cada pessoa e a partir dela extrair conclusões capazes de auxiliar no entendimento da dinâmica da humanidade é o tema central do filme “Ponto de Mutação” (Bernt Capra, 1990), o qual reflete acerca do pensamento humano e dos pilares da existência ao longo do natural processo da vida. Apresentando como ambiente principal um castelo medieval sazonalmente isolado, tal metáfora indica o próprio isolamento da mente humana, que por sua vez encaminha uma ampla discussão a respeito do mundo, da natureza e do próprio espírito dos homens.
O verdadeiro ponto de mutação consiste na alteração do modo com que o intelecto concebe e julga suas ideologias, instruindo ao rompimento com doutrinas tradicionais do século anterior em virtude de novas formas de pensamento que correspondam com os aspectos do novo milênio. O tradicional método cartesiano é posto em cheque diante de um novo paradigma atual, o qual renega e contraria seus trezentos anos de vigência. Com embasamento teórico nas leis de Newton, Descartes defendia a divisão do todo em partes para auxiliar sua compreensão e produzir uma concepção mais completa acerca do estudado. Encaminhando a uma mecanização da forma de pensar, tal fracionamento indica o meio encontrado pela raça humana para priorizar seus interesses particulares, uma vez que separar o elemento analisado facilita na inserção de um caráter subjetivo na conclusão final. A figura do político fracassado no filme mostra-nos o quão obsoleto tão caminho pode se apresentar, sobretudo em razão à sua forte tendência ao erro.
O século XX trouxe para a humanidade a inserção de novos elementos em seu cotidiano. O advento da tecnologia e os avanços da ciência, rapidamente difundidos no meio social, conduziram a uma nova forma de pensar sobre o mundo. A facilidade de comunicação e a rapidez na transferência de informações encaminharam-nos a um processo de encurtamento das distâncias, refletindo no modo de pensar sobre o mundo. Este novo paradigma aponta para a necessidade das interconexões e de uma análise conjunta dos problemas atuais, pois toda a humanidade faz parte de um mesmo todo: o universo. Dividir o universo a fim de compreendê-lo seria renegar os aspectos comuns a todos os indivíduos. Tal divisão apresenta-se equivocada, pois todos os homens integram a mesma teia de relações, e a compreensão deve ser conjunta para garantir sua efetivação.
Problemas como a fome, crises financeiras, catástrofes naturais não interferem em um grupo isolado e as consequências acarretadas atingem toda a população mundial cada qual com sua magnitude. Como exemplo, os conflitos árabes isolados ocorridos no século XX resultaram posteriormente na Crise do Petróleo, desestabilizando toda a economia mundial. Dessa forma, devemos estar abertos para os modelos sistêmicos, estabelecendo nosso ponto de mutação na forma de ver o todo e compreendê-lo, renegando, assim, a mecanização. Toda a humanidade compõe a mesma teia de relações e analisá-la conjuntamente afasta-nos do isolamento, impedindo que nos tornemos tão obsoletos como um mero castelo medieval.

Luisa Loures Teixeira - 1º ano Direito diurno

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