O filme "Ponto de Mutação", baseado na obra de Fritjof Capra publicada em 1982, promove profunda reflexão acerca da atual ciência hegemônica oriunda das seculares teses de F. Bacon e R. Descartes.
As três personagens principais do filme de Capra, cada uma a seu modo, discutem sobre as consequências que o hiper-racionalismo, idealizado pelos pensadores do século XVII, trouxe para a sociedade contemporânea; como por exemplo a mecanização do corpo humano e a instrumentalização da natureza a serviço do homem. A problemática da questão é que, quanto mais a ciência e a tecnologia desenvolvem-se, mais o homem se apodera se sente dominador das questões naturais; fatos que só servem para evidenciar o egocentrismo da condição humana pós século XVII.
Enquanto a sociedade não perceber que a vida humana está tão profunda e complexamente associada a tudo que há na natureza, a ciência continuará sendo apenas mais uma ferramenta que os poderosos detém para dominar e, assim, preservar o "status quo".
Um dos pontos mais interessantes do filme é que, toda a crítica acerca da crise de percepção que a sociedade contemporânea enfrenta, é elaborada pela personagem que é física subatômica. Ciência essa que estuda elementos irrisórios e fragmentados, ao contrário da ciência realizada pela personagem do político que, em tese, lida com as mais diversas questões de âmbito social. Ou seja, parece que o autor defende a necessidade que a sociedade tem de analisar o mundo sob uma ótica mais ampla, profunda e, sobretudo, mais humana.
Somos um todo inseparável de relações e conexões. É deplorável reduzir toda a exuberância e complexidade ds natureza a um conjunto perfeito e decifrável de engrenagens. É necessário livrar a sociedade dos grilhões extremistas de Bacon e Descartes e passar a compreender o mundo sem desumanizar a humanidade.
Amanda Verrone - Primeiro Ano Noturno
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