A relação entre o capitalismo e a religião começa com o advento da Reforma protestante, que introduziu uma nova forma de conceber a economia. Inicialmente, essa nova visão não se manifestava diretamente por meio do protestantismo de Lutero ou Calvino, mas veio a se formar posteriormente. Weber mostra, pois, que a introdução do capitalismo não seguiu os motivos econômicos, mas sim religiosos; veio de algo externo à economia.
A racionalização da vida é um dos temas principais de Max Weber e o capitalismo contribuiu de forma muito significativa para sua introdução na sociedade. Esse processo teve seu inicio no contexto religioso, desenvolvido nos mosteiros e, posteriormente, herdado pelos protestantes, majoritariamente pelos puritanos. Eles concebiam sua fé alegando que o homem existe para Deus, pois por Ele foi criado, e deveriam manifestar sua glorificação nos atos do cotidiano, sobretudo no meio profissional. Alia-se isso ao fato de que o destino de cada um já estava predestinado, segundo Calvino, e a racionalização se faz.
A angústia causada pela predestinação fez com que se formulassem condições para que a eleição por Deus fosse quase uma certeza, entre elas o sucesso no trabalho. O êxito profissional garantia a salvação. Uma passagem do texto que ilustra bem essa afirmação é:
“Vês um homem diligente em seus afazeres? Ele estará acima dos reis”. (Provérbios 22; 29). O ganho de dinheiro na moderna ordem econômica é, desde que feito legalmente, o resultado e a expressão da virtude e da eficiência em certo caminho; A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo - Max Weber, pag. 21
Desta forma, os primeiros artesãos acabavam por empregar seus companheiros de templo em consonância com a expansão de seus negócios, contribuindo de forma expressiva com o desenvolvimento de um capitalismo primitivo, animados pela convicção acerca do trabalho.
Portanto, é possível afirmar que o capitalismo veio das modificações na religião, tornando-a mais racional. Essas modificações produziram diversos resultados, tanto no plano da teologia quanto no da ética e, finalmente, no da economia, desde que a maneira de conceber o trabalho influencia a economia.
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