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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O novo papel da religião

Tema: Capitalismo: A Racionalização da Fé

A racionalização da fé pode ser vista como um fenômeno historicamente consolidado ou mesmo fruto da própria racionalização do homem em meio à objetividade prática do capitalismo. Há históricos que consideram que esta racionalização surgiu antes mesmo do próprio conceito de capitalismo ser formado. Esses históricos observaram que há séculos, no importante momento histórico de crise e queda romana, a elite patrícia desse Império não poderia sair prejudicada e não aceitaria a ideia de cortar os padrões luxuosos com os quais viveram durante toda a ascensão e ápice de Roma. Essa elite, portanto, conseguiu uma forma de manter esse padrão, o qual foi se aproveitar da grande repercussão da fé cristã e se tornar parte da elite de um clero, ocupada em trabalhar para arrecadar dinheiro em nome de Deus, e não mais em nome da figura do imperador, que já não era tão vangloriada. Percebemos, portanto, que nessa versão, a tradição de arrecadar dinheiro em nome da Igreja advém, na verdade, de uma fonte menos emocional e mais racional, a qual, mais para frente, se encaixou muito bem nos moldes capitalistas. Há, porém, aqueles que acreditam que a igreja só foi se misturar com os ideais capitalistas após este ter se espalhado de tal forma que atingiu a maneira de pensar das pessoas e automaticamente se difundiu com a maneira de elas levarem a fé: antes se tributava por motivos de moral religiosa, emocional; agora se contribui por motivos econômicos, racionais.

De qualquer maneira, independente da razão histórica, a Igreja manteve o hábito de condenar o acúmulo de capital, a avareza. Toda essa influencia cristã na vida das pessoas se tornou uma cultura na qual o homem que vive de guardar dinheiro é, de maneira pejorativa o “pão duro” ou “mão de vaca”. A fé foi utilizada como forma de arrecadar fundo para a igreja, de aumentar seus patrimônios e bens. O homem cristão seguidor, se tornou o cristão colaborador.

Há alguns anos, tivemos a oportunidade de observar um exemplo prático dessa teoria: Edir Macedo, padre e dono de uma das maiores igrejas do país, foi envolvido em escândalos relacionados à usurpação de bens doados a igreja para fins extras religiosos. Ele foi acusado de misturar os bens adquiridos pela igreja com os bens investidos para movimentar uma emissora de televisão também propriedade do padre. Tomou grande repercussão, pois teria sido desvios grandiosos, já que, por ser uma igreja que toma grandes proporções no país inteiro e é conhecida também por influenciar a doação de bens à igreja, arrecada bastante capital.

Conclui-se, portanto, que por relações históricas ou por simples cultura capitalista, a fé atualmente, na maioria das vezes, é utilizada para justificar o nosso papel na sociedade econômica, e não mais na nossa cultura religiosa.

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