Na
contemporaneidade, o povo vive um crescente desconhecimento das leis e do
regime econômico vigente – neoliberalismo-. Sob tal perspectiva, o sociólogo norte
americano Wright Mills teoriza que tal cenário é para solidificar o privilégio
das elites e sua manutenção no poder seja ele político ou econômico, uma vez
que tal cegueira burocrática impede as camadas populares de reivindicarem
projetos que apenas atendem à determinado grupo. Portanto, no panorama atual,
identifica-se as teses de uma elite do poder e, consequentemente, a
instrumentalização da legislação para assegurar a desigualdade social.
É
iniludível a existência de um coletivo de poucos que concentram uma influência significativa sobre as decisões e direções
da sociedade. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pessoas
brancas representam uma maioria de 83,8% nos magistrados da Justiça brasileira,
com apenas 1,7% sendo juízes pretos(as). A vista disso, é notório a
persistência do racismo estrutural - o qual há uma elite branca que pautava leis
racistas, baseado em preconceitos históricos desde o período o colonial –
perpetuado pelos brancos até os dias de hoje. Destarte, evidencia-se a manutenção
do poder político de seleto grupo por meio da hegemonia racista no sistema
político, confirmando a existência da elite do poder e sua reprodução nas
instituições de poder como o judiciário.
Por conseguinte, a presença desses grupos implica no uso egoísta do
legislativo a fim de atenderem seus privilégios em detrimento da igualdade. O
sistema tributário de diversos países é marcado com notório grau de
complexidade. O Brasil, por exemplo, é considerado o mais complicado do mundo
de acordo com o Complexity Tax Index -índice compilado por duas universidades
alemãs que mostra a complexidade tributária. Sob essa óptica, isso ocorre para
limitar o povo do real entendimento por meio do uso de jargões e frases
rebuscadas – linguagem acadêmica elitista -, assim, evitando que as camadas
populares tenham o conhecimento das formas de exploração que apenas beneficiam
a elite do poder. Nesse ínterim, análogo ao parnasianismo que segregava a arte
para os ricos através do preciosismo linguísticos, a legislação elitista
vigente utiliza dos mesmos artifícios para determinar o poder na mão de poucos.
Desse modo, garantindo a manutenção da desigualdade social.
Em suma, na sociedade contemporânea, as proposições de Wright Mills são
visíveis na configuração política. Dessa forma, entende-se os dados do CNJ, os
quais representam uma elite de poder que aumenta constantemente a
burocratização e complexidade das leis com o objetivo de manutenção de poder
para os poucos e em segundo plano o cumprimento da igualdade social prevista na
Constituição brasileira atual.
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