Na contemporaneidade, os fenômenos de transformações sociais, culturais e políticas ocorrem com uma velocidade e abrangência sem precedentes. Como afirmou Wright Mills, essas mudanças nunca foram tão completas. Isso pode ser observado pelos acontecimentos das últimas eleições presidenciais brasileiras.
A sociedade se dividiu profundamente devido aos ‘ideais’ representados por cada candidato, os quais refletiam as suas órbitas privadas, ou seja, suas trajetórias, crenças e valores. A polarização política recrudesceu e vários questionamentos sobre como o futuro da sociedade seguiria foram feitos, e o pânico daqueles que acreditavam que seu lugar e seus valores estavam ameaçados apenas aumentou. Ou seja, em momentos de crise, as pessoas ficam mais insensíveis e individualistas, tudo para permanecerem como seres particulares. A defesa do ‘eu’ se torna uma prioridade quando a incerteza e a polarização prevalecem.
A constante busca por identidade e a necessidade de pertencimento, inerentes à natureza humana, desempenham um papel fundamental na forma em que as pessoas se relacionam com o mundo e com os outros. A identidade apesar de abranger as origens e morais que foram aplicadas durante a infância, ela não é estática e é capaz de evoluir e se adaptar conforme as mudanças do meio. Já a necessidade de pertencimento impulsiona a busca por conexões e relações que são bases fundamentais para a vida em sociedade, e a defesa desse círculo é, de muitas maneiras, um modo de autopreservação que o ser humano desenvolveu ao longo do tempo.
No entanto, essa procura por grupos sociais para se associar pode ser maléfica e gerar conflitos, uma vez que o apego excessivo a rótulos ou papéis na sociedade torna o ser menos propenso a aceitar as diferenças existentes. Essa rigidez cria barreiras que impedem a compreensão daqueles que são divergentes aos modos de pensamentos comuns. A polarização política que assola o país atualmente exemplifica de forma clara essa dinâmica. As pessoas se alinham rigidamente a ideologias e partidos, muitas vezes sem espaço para diálogo ou entendimento mútuo. A urgência de superar essa polarização é evidente, pois ela fragmenta a sociedade e dificulta a busca por soluções coletivas.
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