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segunda-feira, 18 de março de 2024

Ciclos repetitivos e a pós-verdade

 A filosofia e a sociologia buscaram, durante séculos, estabelecer a racionalidade como base para a ciência, visto que, por muito tempo, foi regida pela visão teológica. E apesar de ter sido um esforço bem sucedido, e hoje os campos do conhecimento serem guiados pelas comprovações científicas, observa-se, o crescimento de um preocupante fenômeno: a pós-verdade. 

A pós-verdade é uma crescente onda que aos poucos está se infiltrando em nosso cotidiano: tanto nas esferas interpessoais quanto em âmbito público. 

A pós-verdade caracteriza um discurso que é regido não pelos fatos, e sim pelas emoções. Onde a razão e a objetividade, tornam-se menos importantes. Isso é favorecido pelo contexto sócio político atual: a polarização política e um acesso em massa a fontes de informação alternativas e redes sociais possibilitam o desenvolvimento de bolhas sociais, onde indivíduos fecham-se para todo o resto, levando somente a opinião de seus semelhantes em consideração. Sem a devida fiscalização, verdades são distorcidas, ideais são vendidos como fatos e narrativas são alimentadas em prol de certos valores, sem compromisso com a verdade e a transparência. 

Desta forma, é possível de observar a repetição de antigos erros: há 400 anos atrás Descartes defendia o pensamento racional e a busca pela verdade, enquanto Wright Mills defendia uma visão para além do pessoal, mas sim uma visão estrutural e social. Mas a tendência é justamente um afastamento desses ideais. E por que? Essas bolhas tendem a alimentar o medo e a insegurança, insinuando que os valores estão sendo ameaçados, além de intensificarem a partir de ciclos viciosos, uma vez que alguém passa a consumir com regularidade certos conteúdos, a tendência a ficar mais submerso neste meio e as chances de ter contato com opiniões e visões exteriores só diminui. Portanto, essa é a sina do homem moderno, aquele que não conhece seu passado, não pode evitar repeti-lo.


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