Aquela folha amarronzada, talvez avermelhada, se solta daquele galho fino e fraco que a segurava e percorre longo caminho através do vento.
Aquela folha amarronzada, talvez avermelhada, encontra-se confundida pela imensidão de sensações que percorrem sua superfície. O frescor? A velocidade? O medo? Talvez porque uma vez lhe disseram que os sentidos são enganosos, que nada nos garantem e, por isso, decidiu duvidar de tudo o que lhe recorresse.
Aquela folha amarronzada, talvez avermelhada, aproveita a viagem para admitir sua pequenez, e reflete sobre sua incapacidade de ser do jeito que é sem a existência de alguém mais perfeito, que a possa ter formado, criado e que costumava nutrir sua vida.
Aquela folha amarronzada, talvez avermelhada, admite sua ignorância, e chega à conclusão que até essa sua reflexão não é fruto seu, mas fruto desse alguém mais perfeito que lhe permite tais indagações exteriores a sua natureza.
Aquela folha amarronzada, talvez avermelhada estaciona e repousa entre o solo frio e uma estrutura alta, larga, marrom e, ali, encontra algo além de toda a experiência sensível que teve na última hora.
Aquela pequena folha, por
fim, sente-se próxima de casa, volta para onde tudo começou e, depois de uma
longa viagem, sente que encontrou aquilo que chamam de alma, aquilo que a torna
pequena, comum, mas existente, e aquela estrutura grande e marrom que protege
outras folhas ainda saudáveis a envolve, e a pequena folha avermelhada encontra
a paz de sua alma.
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