De acordo com Wright Mills, os homens dificilmente têm
consciência da complexa ligação entre suas vidas e o curso da história mundial.
Ou seja, raramente percebem como certa inclinação pessoal pode impactar a razão
pública. Nesse aspecto, vê-se na contemporaneidade, líderes no Brasil e no
mundo, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, deixando que o seu pensamento
individual afete o bem-comum, o que condiciona a direção das relações sociais.
A velocidade das mudanças no corpo social gera um
colapso dos valores tradicionais. Assim, para Mills, os indivíduos comuns são
incapazes de enfrentar os horizontes mais extensos à frente dos quais foram
subitamente colocados, e que - em defesa do eu – se tornem moralmente
insensíveis, permanecendo como seres particulares, com suas próprias percepções
da realidade, elas sendo absolutas e inalteráveis.
Desse modo, costumes e opiniões que antes eram
próprias, passam a ser aceitas pelo coletivo, as quais geram uma sociedade passiva
e alienada, com aspirações reacionárias. Tudo isso faz com que haja um
retrocesso de muitos anos de ciência, colocando novamente em pauta assuntos como
a importância da vacina, a gravidade de um vírus, a necessidade do voto, da
equidade e da democracia, concepções que, atualmente, devem ser
inquestionáveis.
Portanto, onde acaba a razão privada e começa a razão
pública? É factível que uma pode exercer influência significativa sobre a outra
– moldando as políticas públicas, as prioridades e o funcionamento da civilização
como um todo. Logo, é essencial que haja um equilíbrio saudável entre os
interesses individuais e coletivos para garantir um meio social democrático e
não fascista.
Maria Laura Alves Nicolussi
Direito Matutino
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