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segunda-feira, 18 de março de 2024

A linearidade entre a razão privada e a razão pública

 

   De acordo com Wright Mills, os homens dificilmente têm consciência da complexa ligação entre suas vidas e o curso da história mundial. Ou seja, raramente percebem como certa inclinação pessoal pode impactar a razão pública. Nesse aspecto, vê-se na contemporaneidade, líderes no Brasil e no mundo, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, deixando que o seu pensamento individual afete o bem-comum, o que condiciona a direção das relações sociais.

   A velocidade das mudanças no corpo social gera um colapso dos valores tradicionais. Assim, para Mills, os indivíduos comuns são incapazes de enfrentar os horizontes mais extensos à frente dos quais foram subitamente colocados, e que - em defesa do eu – se tornem moralmente insensíveis, permanecendo como seres particulares, com suas próprias percepções da realidade, elas sendo absolutas e inalteráveis.

   Desse modo, costumes e opiniões que antes eram próprias, passam a ser aceitas pelo coletivo, as quais geram uma sociedade passiva e alienada, com aspirações reacionárias. Tudo isso faz com que haja um retrocesso de muitos anos de ciência, colocando novamente em pauta assuntos como a importância da vacina, a gravidade de um vírus, a necessidade do voto, da equidade e da democracia, concepções que, atualmente, devem ser inquestionáveis.

   Portanto, onde acaba a razão privada e começa a razão pública? É factível que uma pode exercer influência significativa sobre a outra – moldando as políticas públicas, as prioridades e o funcionamento da civilização como um todo. Logo, é essencial que haja um equilíbrio saudável entre os interesses individuais e coletivos para garantir um meio social democrático e não fascista.


Maria Laura Alves Nicolussi 
Direito Matutino

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