Durante o período da pandemia da Covid-19, iniciada em 2020, as incertezas a respeito de que medidas deveriam ser tomadas perante a ameaça da doença mortal assombrou o mundo. Nesse contexto, o Brasil, que desde 2018 passava por uma administração governamental instável, se encontrava no meio de um colapso social, porque diante do cenário nacional desconhecido, muitas pessoas, em meio a tantas dúvidas se tornaram frágeis a discursos ilógicos, como os de caráter negacionistas do próprio presidente e seus aliados, que se aproveitaram desse momento delicado da população para disseminar seu ódio a ciência, já que eles negavam a existência de um real perigo para a sociedade e minimizavam a periculosidade da doença, enquanto centenas de brasileiros morriam por mês em decorrência do vírus. No entanto, apesar dos absurdos ditos por eles, sua autoridade diante da crise fez com que muitos, com o bom senso prejudicado, se apegassem a esses discursos como válidos.
Toda essa realidade se tornou mais crítica e perigosa quando diante do início da produção da vacina, esses ideais governamentais fortaleceram os grupos “antivacina”, os quais questionavam a eficiência do método de imunização a partir de argumentos sem embasamento científico e racional, visto que acreditavam em superstições e ideias do senso comum. No entanto essas noções deveriam ter “caído por terra” ou serem nacionalmente rejeitadas, porque como é defendido por Descartes o que não possui explicação racional e cientifica não tem legitimidade como conhecimento, haja vista que a evidência racional deve ser usada como critério da verdade para esse pensador. Logo conclui-se que esses movimentos negacionistas não fazem uma compreensão verídica da realidade, em virtude do fato de que para essa ser feita é necessário, como diz o filósofo, fazer uso do método científico, que é orientado pela racionalidade e observação como forma de superar o supersticioso e o imaginário na construção do conhecimento, o que se contrapõe ao que é dito por esses grupos.
Portanto, ao analisar a sociedade atual (com base nesse momento em específico) a partir do ideário de René Descartes, percebe-se a forma como as pessoas em meio a crise deixaram-se ser guiadas pela imaginação e pelos sentidos, fazendo com que elas se afundassem cada vez mais na ignorância do “não saber” e da incerteza, já que sem a intervenção da racionalidade científica nada jamais pode ser garantido. Desse modo, evidencia-se como esses movimentos que se erguem com o objetivo de negar e questionar a ciência moderna, nada entendem sobre a mesma, uma vez que como foi dito por Descartes “a ciência moderna nasce sob o signo de um conhecimento que deveria ser neutro, guiado pela razão e pela experiência, liberto de sentimentos (cívicos, religiosos, etc.) e pré-noções.” , assim não a nada a se duvidar e nem negar, a não ser que o questionamento se inverta e seja sobre o real objetivo desses movimentos, o qual ai sim deve ser gerar desconfianças.
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